♫ Passaram-se 2 semanas de aula e fui me convencendo mais ainda que o Will era uma boa pessoa... Claro, não estou me derretendo em coraçõezinhos, mas até que gosto dele. No terceiro dia de aula ele até dividiu o lanche dele comigo, coisa que ninguém fez em 5 anos por que eu afastei todos... Mas... Talvez eu estivesse enganada sobre ele.

☆ ♫ ☆

♫ Acordo com um barulho de toque de celular e viro para o lado... Meu telefone... Está... Tocando? É o Will, como assim? Atendo e falo:

- Alô??
- Alex? Sabe que horas são? É 7:40, quase hora da aula!
- Como você tem meu telefone?
- Você me passou ontem, lembra? E se ligou no fato de estar atrasada?
- PUXA VIDA, É MESMO, E AGORA??
- Se arruma que eu te busco.
- É sério?
- Tem uma ideia melhor?
- TA, VEM LOGO!

♫Levanto da cama tão rápido que minha visão fica preta por um segundo, abro o armário e pego uma sapatilha preta calça jeans e sem nem pensar uma blusa roxa e ponho no corpo, vou ao banheiro e dou uma ajeitada no cabelo e no rosto, depois desço as escadas tão rápido que erro os degraus. Sorte que ontem à noite eu havia arrumo a mochila e só precisei pegar em cima do sofá. Então saí para fora e chaveei a porta, então vi Will chegando do fim da rua de moto... A moto era preta e bem bonita, e quando ele chega perto vejo que há alguns adesivos na lateral.

- Você não acordou com o despertador Alex?
- Eu fui dormir ás 2:30 fazendo o trabalho de português!
- Está bem, sobe ai.

♫ Então eu subo e vejo que a moto não tem lugar para se segurar:

- Segura em mim ou cai...
- Ah... Tá né.

♫Seguro nele que percebo que está com um sorrisinho nos lábios atrás do capacete:

- Pode tirar o cavalinho da chuva! Só não quero cair no asfalto!
- Eu não falei nada... Haha.

♫Então ele dá a partida e eu ponho o capacete

☆ ♫ ☆

♫ Chegamos na sala de aula bem na hora que o sinal bate e eu dou graças a Deus por ter chegado a tempo. Na minha escola, é bem complicado se você chega depois do sinal: Fazem um interrogatório completo.

- Obrigada Will, mesmo, obrigada...
- Para isso que servem os amigos.

♫Sorrio para ele e percebo que estou muito “amiguinha”, e já fico com a minha cara normal de “A menina indiferente”.

♫Ele percebe e sorri:

- Vamos sentar.

☆ ♫ ☆

♫ A aula foi bem legal, tirando o grande, pequeno, gigante, infame fato da minha pior ex-amiga ter se mudado para a minha sala de aula, a Staicy.

♫ Uma breve história de mim e Staicy: Eramos melhores amigas antes do meu pai morrer, e quando eu me afastei dela como fiz com todo mundo, ela meio que se tornou minha inimiga, sempre tentando me atingir e me dar indiretas, até eu mudar de turma e nos separarmos... Mas ela foi para minha turma de novo... E ainda quando entrou e viu que eu estava rindo com o Will, ela ficou olhando para ele até ele perceber e deu uma piscadinha. Eu fiquei com tanta raiva, mas não me rebaixei, só continuei falando com o Will, como se fosse a melhor amiga dele.

☆ ♫ ☆

♫ Na hora intervalo descido ir na cantina comer alguma coisa e vejo Staicy conversando que nem uma boba com as amigas e dando risadinhas que sempre me irritaram... Ela me percebe olhando e pergunta:

- Quer foto filhinha do papai? Ops, ah é, você não tem pai.

♫ Ela da gargalhadas com as amigas. Eu não posso começar uma briga, então dou aquela resposta que é típica minha:

- Não obrigada! Eu já vejo sua cara mais do quero.

♫ Então pego uma maça e saio dali. Como aquela menina de irrita!!! Okay, contar até 10 e respirar fundo...

♫ Sento em um banquinho no pátio da escola e fico comendo... pensando... Até que Will senta do meu lado:

- Que cara é essa Alex? Parece que alguém acabou de te dar um soco...
- Não ouve nada. – Respondo de modo frio.
- Sério, me fala. Vai ser um pagamento pela carona de hoje de manhã!
- Afs, ta bem... Sabe a Staicy? A menina que veio para nossa turma? Pois então. Ela ERA minha melhor amiga. Mas não é mais e agora faz de tudo para me irritar.
- O que ela fez?
- Falou do meu pai...
- Qual é o problema disso? – Ele meio que acha graça.
- Ele está MORTO.
- Desculpa... Eu não fazia ideia...
- Tudo bem.
- Vamos para o laboratório, logo vai bater o sinal e é aula de química, você gosta de química né?
- Sim, está bem, vamos.

☆ ♫ ☆

♫ A aula de química foi muito ruim, eu errei tanto as combinações que Will começou a perguntar se eu estava bem. Claro que não, a cada segundo vinha a imagem do caixão de meu pai na minha frente. Mas eu respondia que estava, só que estava cansada. Até isso era verdade, mas não totalmente.

☆ ♫ ☆

♫ No final da aula de química, na hora que estava saindo do laboratório com Will, a professora me chamou:

- Alex, eu poço falar com você um instante?

♫ Eu paro abruptamente ao ouvir isso, e percebo que Will também parou...

- Will, pode ir, eu te alcanço.
- Tá okay.

♫ Caminho até a professora que está de pé ao lado de sua mesa:

- Sim professora?
- Eu vi que em minhas aulas você foi a que mais se desempenhou... E a parabenizo por isso. Mas hoje querida... Você errou quase todas as formulas que eu dei... O que houve?

♫ Sinto um aperto no peito, oh não.

- Nada prof...
- Alex, pode me contar.
- Eu estou muito cansada, foi apenas isso, juro.

♫ Ela não para convencida disso mas diz:

- Tudo bem, pode ir.

☆ ♫ ☆

♫ O resto da aula passa rápido, e quando entro no ônibus da escola meu corpo fica mais leve... Estou indo para casa.

♫ No outro dia acordo com o despertador. E olho para o teto, imaginando como iria ser o dia. Provavelmente vai depender de mim. Levanto da cama e desço as escadas. São 6:45. Descido ir tomar um banho, e me desligo do mundo. Penso em minha vida, nas minhas decisões, nos meus lamentos, em meus antigos amigos... Saio do banho e enrolo a toalha no corpo, pego a outra que uso para secar os cabelos e faço isso. Depois limpo o espelho do banheiro e vejo que meus cabelos não ficaram tão ruins molhados: irei para a escola com eles assim.

♫ Me visto com uma roupa que geralmente não uso: uma bermuda de educação física preta - já que naquele dia havia essa matéria, mas eu sempre uso calça de abrigo, vou variar... não sei por que. Uma blusa azul escura meia manga e um tênis vermelho, então fiz um coque bagunçado no cabelo, peguei a mochila e fui para a escola. Sim, eu fui com essa roupa para a escola, também não acredito.

☆ ♫ ☆

♫ Quando chego, Will está mexendo no celular. Ele levanta o olhar para mim e abaixa como se não fosse eu. Depois levanta os olhos de novo e os arregala:

- O que aconteceu com você?
- Variei um pouco.
- Acho que conseguiu...
- Exagerei né? ...
- Não, não, está legal... é só que não parece você...
- Esquece.

☆ ♫ ☆

♫ No período de educação física vou jogar handebol, enquanto Will vai para o vôlei. Jogo por mais ou menos 15 minutos e paro, vou dar uma corridinha na pista do campo. Me direciono para o campo e vejo ao meu lado Will dando uma cortada contra o time inimigo. Então ele me percebe.

♫ Olha para mim, dá um sorrisinho e abana, até que a bola cai uma cabeça dele. Dou risada.
Depois, continuo indo para a pista. Corro metade do percurso total e paro: há uma menina ruiva com sardinhas nas bochechas e olhos azuis sentada na grama com cara de dor e massageando o tornozelo... está bem inchado... sinto dó dela.

- Oi... meu nome é Alex.
- Mary.
- Você precisa de ajuda... vem, se apoia em mim.
- Não, não, não quero te atrapalhar, deixa que me viro.
- Mary, vem logo.

♫ A menina aceita a ajuda e se apoia debilmente em mim.

- Okay, vamos com calma.

☆ ♫ ☆

♫ Minutos depois chego a quadra com Mary e Will vem ajudar. Levamos ela para a enfermaria:

- Obrigada... se fosse outra, teria me deixado lá...
- É bem capaz que a Alex não iria ajudar você, ela tem o coração do tamanho do mundo. - diz Will ironicamente.
- Fica quieto
- Mas é verdade.
- XIU. Só fiz o certo. - sorrio para ela. Saímos de lá e Will fala:
- Por que ajudou ela?
- Já disse! Era o certo.
- Não é só isso, eu sei que tem mais.
- Okay! Queria me sentir uma pessoa boa! Sentir ter uma amiga.
- Você está mudando...
- Cala a boca e vamos jogar vôlei.

☆ ♫ ☆

♫ Foi legal jogar com Will. E quando estou indo para a sala lembro da Mary. Espero que esteja melhor. No recreio vou com Will a cantina em vez de ir sozinha, e quando entro conversando com ele, Staicy só falta ficar vermelha de raiva.

- Oi Will! – diz Staicy toda convencida.
- Oi. – fico feliz dele ter sido meio seco com ela... Não sei por que e não quero saber.
Ela finge não perceber que ele não quer muito falar com ela e continua:

- Hoje vai ter uma festa na minha casa! Eu queria saber se você não quer ir...? Pode levar um amigo se quiser – ela olha para mim como se dissesse com o olhar “menos ela” e dá um sorrisinho sedutor que não parece a nada encantar Will.

- Pode ser ... que horas vai ser?
- 20:00 horas – percebo que ela está com um olhar agora de “eu ganhei”.
- Tá bem, vou estar lá.

♫ Então Staicy volta para as amigas e Will e eu pegamos o bolo que tinha na cantina e saímos, nos sentando no banco mais próximo:

- Que bom que você vai ir à festa da minha pior inimiga para se divertir!
- Alex, você é louca? Eu vou ir com você!
- Oi? Entendi bem? Você quer eu ... eu vá com você?
- Sim.
- Eu não quero ir à festa nenhuma daquela sonsa!
- Vai comigo e eu não te incomodo por 1 semana!

♫ Penso um pouco. É justo:

- Tudo bem! Uma semana sem nenhuma piadinha!
- Fechado. – apertamos as mãos como se fechássemos um contrato. E depois começamos a rir, aquilo tinha sido muito idiota.

☆ ♫ ☆

♫ Eu tinha concordado na hora de ir à festa... Mas chegou a hora de me arrumar, eu não fazia ideia do que vestir... Abro o guarda roupa e acho um vestido preto com alcinhas que vai até o joelho: dá para o gasto...

♫ Ponho ele com um short por baixo e um bolero preto de manga comprida. Faço uma maquiagem leve e ponho um batom só para dar uma vida aos lábios... Não estou tão ruim... Coloco uma sapatilha preta para combinar e brincos.... Isso não vai dar certo, sei disso... Mas fazer o que, era o trato.

☆ ♫ ☆

♫ Will vem me buscar às 19:45 e fica meio que impressionado com o que estou vestindo: ele está com uma camisa xadrez preta e branca, com uma blusa vermelha embaixo, calça jeans azul e um tênis que já tinha visto ele usar.

- Você acha que exagerei muito? É que é minha primeira festa, e não fazia ideia do que vestir.
- Olha, provavelmente todas as meninas da festa vão ter exagerado 20 vezes mais que você, fique tranquila.
- Está bem...

☆ ♫ ☆

♫ Chegamos lá e todo mundo me olha como se eu fosse uma aberração, mas depois percebo que é como se estivessem tentado em reconhecer. “Claro, eu sou a única menina da minha sala de aula que não liga para roupa, e agora estou desse jeito...” penso comigo.

♫ Ouço quando passo por Staicy ela perguntar para a amiga:

- Quem é essa?

♫ A amiga responde:

- É a Alex.
- Como é que é?

♫ Sorrio comigo mesma, “EU venci”.

♫ Eu e Will nos sentamos nos fundos da casa numas cadeiras e começamos a conversar, a rir e sinto que algo vai acontecer, meus sentidos me avisam que algo vai dar errado... AGORA.

♫ Me levanto e vejo Staicy virar uma bebida bem onde eu estava sentada! Aquela... Idiota queria me molhar! Que bom que não conseguiu:

- Desculpa! Quase pegou em você!
- É, está tudo bem, esquece.

♫ Me afasto dali de tanta raiva daquela menina! Will vem atrás de mim e segura me braço:

- Onde você vai?
- A pé, para minha casa.
- Alex, e estamos aqui a apenas meia hora.
- Sim, foi o suficiente para saber que a Staicy quer arruinar minha noite.
- Sério, fica mais um pouco.

♫ Tinha avisado para minha tia que ia ser rápido. Voltaria para casa cedo...

- Está certo, só mais meia hora e eu roubo sua moto e vou para casa se você não quiser me levar embora.

♫ Ele e fala:

- Tudo bem

☆ ♫ ☆

♫ As 22 horas eu e Will fomos embora, ele me levou para casa e me deu boa noite, dando um beijo na minha bochecha:
- Boa noite Alex
- Para você também.

♫ Tiro aquela roupa e a maquiagem e vou para a cama... amanhã é sábado... dormirei bem.

♫ Acordo segunda e lembro do meu final de semana: nada de extraordinário aconteceu além da festa. Abro uma das janelas do segundo andar bem a tempo de ver as primeiras gotas de chuva caírem no chão quente e deixarem aquele cheiro no ar.

♫ Hoje será um dia chuvoso, o tipo de dia que eu gosto. Teremos um período livre, pois nossa professora de português está doente, provavelmente o passarei com Will. Me arrumo rapidamente antes que a chuva fique forte, pego um guarda-chuva e me ponho a caminho da escola.

☆ ♫ ☆

♫ Quando chego lá, a chuva parou e o primeiro período é de química.

♫ Dessa vez acerto as fórmulas, mas a professora mesmo assim me chama no fim da aula, sorte que não era por algo ruim:

- Querida, você estaria interessada em participar de uma competição de química com uma escola concorrente? Precisamos de mais um membro para o grupo e pensei que podia ser você...
- Olha... pode ser... quando será a competição?
- Fim do mês, daqui a duas semanas, no sábado.
- Pode ser.

♫ Não sei por que aceitei, acho que para não decepcionar a professora.

☆ ♫ ☆

♫ No último período, que era de português, fomos liberados, alguns foram embora, pois a chuva havia parado, e eu ia fazer o mesmo, quando alguém se aproximou do meu ouvido e falou, sabia que era Will:

- Te desafio para uma corrida até o campo.
- Desafio aceito.
Então eu começo a correr e ele também, até que chegamos ao mesmo tempo no campo e começa a chover.
- Poxa, vou ficar ensopada
- Vale a pena para tomar um banho de chuva comigo.
- Hahaha. Que emoção.

♫ Ele me ergue do chão e me roda no ar, então caímos na grama úmida que por sorte ainda não havia virado barro e começarmos a rir como idiotas. Então levantamos e começamos a ir para a saída... até que ele pega a minha mão como se fosse algo natural, mas o mais estranho: eu não largo a mão dele até sairmos da escola e irmos cada um para sua casa.

☆ ♫ ☆

♫ Quando me separo dele, pego e abro o meu guarda-chuva. Acabei pedindo para minha tia para cancelar o ônibus escolar, queria começar a voltar para casa a pé.
♫ Estou andando e vejo uma menina ruiva logo a frente... reconheceria aquele cabelo em qualquer lugar: Mary. Ela está totalmente ensopada por causa da chuva. Apresso o passo e divido o guarda-chuva com ela:

- Oi, e o tornozelo, melhorou?
- Oi! Sim, não foi uma torção muito grave
- Ah que bom.

♫ Começamos a conversar sobre as aulas enquanto voltávamos juntas para nossas casas - que ela falou serem na mesma vizinhança por que ela havia me visto saindo uma vez para ir para a escola. Também começamos a contar como eram nossas turmas já que éramos de diferentes e de repente ela diz:

- Queria perguntar... aquele menino que tipo "te ajudou a me ajudar" é seu namorado?
- NÃO, NÃO, é apenas um amigo.
- ... ah.
- Por que a pergunta? – tento não parecer meio irritada com aquilo.
- É que há rumores na minha sala que Will, que é considerado meio que popular lá pois era da nossa turma e esse ano foi para a sua te convidou e foi com você na festa da Staicy.
- Ah, isso... não foi nada demais...
- Hum - sinto um tom de ironia nessa fala.

♫ Quando chegamos a nossa rua, estava garoando bem fraquinho e ela diz que poderia ir sem guarda-chuva até sua casa, então nos despedimos, mas ela me chama de novo:

- Voltamos juntas amanhã?

♫ Acabo percebendo naquele momento que a menina também não tem muitos amigos.

- Claro, até amanhã - sorrio para ela.

♫ Ela sorri também e responde:

- Até.

♫ Tive um pesadelo esta noite, mas não lembro muito como foi... Por que eu acordei com meu telefone tocando, mas dessa vez não era Will avisando que eu estava atrasada, pois eram 6:45, era minha mãe:

- Alô?
- Olá dorminhoca
- Mãe!!! Voltou de viagem?

♫ Ela tinha ido a uma viagem para o exterior a negócios do emprego:

- Sim filha! O avião acabou de chegar na cidade! Estava pensando, que tal se eu te levar de carro para a escola já que o meu trabalho é perto e tenho uma reunião sobre a viagem e aproveitarmos para matar a saudade?
- Claro, vai ser ótimo!
- Chego aí daqui a pouco, tenho que pegar um táxi para casa da sua vó, para pegar o carro.
- Está certo.

♫ Levanto da cama saltitante e visto uma camisa verde água com uma leg cinza e tênis roxos. Então, depois de minutos que eu nem vi se passarem, alguém toca a campainha e sei que é minha mãe.

♫ Desço correndo as escadas e abro a porta, para depois sentir o abraço apertado dela:

- Que saudade que senti de você mãe!
- Eu também filha!

♫ Entramos e começamos a conversar sobre as novidades. O cabelo da minha mãe, que é muito parecido com o meu, está preso em um coque, e seus olhos azuis estão entregando que ela está cansada. Eu conto para ela sobre Will e Mary e percebo que ela fica bem feliz por eu ter feito novos amigos.

☆ ♫ ☆

♫ Quando chegamos a escola de carro e descemos, percebo que Will está no estacionamento, e quando nos vê, vem me cumprimentar:

- Oi Alex.
- Oi... bem, esta é a minha mãe, Regina.
- Ah. Prazer, meu nome é Will - ele estende a mão para minha mãe que a aperta com um sorriso.
- Eu sei, a Alex me falou muito sobre você.
- Mãe!
- Falou é? - ele me olha com um sorriso malicioso.
- Esquece. Você não vai se atrasar para a reunião?
- Ah, tem razão, até depois filha.

♫ Ela me dá um último abraço e vai para o carro, enquanto eu e Will entrarmos na escola:

- Então você falou de mim para ela?
- Lembra? Sem piadinhas ou perguntas irônicas por uma semana!
- Hum, justo, mas isso não é uma pergunta irônica nem nada do tipo, eu quero mesmo saber.
- Falei e daí?
- Gostei de saber disso, esse foi o "e daí".

♫ Ele para de caminhar e vejo no relógio do corredor: 7:42. Sinal, por favor, bata logo.

♫ Will chega mais perto de mim e meu coração começa a dar saltos no peito. Então ele chega mais perto e mais e de repente percebo que está tão perto que consigo ver que os olhos dele não são de um azul tão vivo, mas que são meio acinzentados... acordo num salto. O sinal bateu. Obrigada!

☆ ♫ ☆

♫ Vamos para a aula e o tempo passa. A aula de educação física é antes do intervalo e eu descido jogar basquete. Por incrível que pareça, Staicy também vai jogar. Organizamos os times e a partida começa. Quando vou correr, Staicy me dá uma tranquinha mesmo sendo do meu time e eu caio no chão. O sangue vai para o meu rosto e o sinto ferver:

- Qual o seu problema Staicy?
- Ah, foi sem querer, desculpa.

♫ Os outros já param de me olhar e se concentram no jogo. Não os culpo, eles acharam que ela ia me ajudar a se levantar, mas não fez isso. Quando passou por mim, pisou na minha mão tão forte que parecia que ia quebrar, e o pior, o tênis dela tinha algumas pontinhas de borracha dura na sola, então ela murmura:

- Essa foi pela festa.

♫ Então fica mais uns cinco segundos e para de pisar, começando a correr atrás da bola como todo mundo, como se nada tivesse acontecido.

☆ ♫ ☆

♫ No intervalo me encontro com Will e ele pega minha mão para examinar... ele percebeu que minha mão estava com pontos roxos e até alguns lugares em que a pele meio que se partiu por causa da sola do tênis de Staicy:

- O que aconteceu Alex...?

♫ Viro o olhar para o outro lado:

- Eu cai encima dessa mão... e machucou.
- Alex, para de mentir, eu perguntei o que aconteceu, quem fez isso? - ele está com uma feição bem seria.
- ... Staicy.
- Como?

♫ Então eu conto a história inteira.

- Eu vou falar com ela.
- Não Will, vai parecer que sou fraca.
- Estou nem aí, sei que você não é fraca.

♫ Pego a mão dele com a que não está machucada e falo:

- Por favor, está tudo bem...
- ... Alex, eu não...

♫ Então eu faço o melhor olhar triste que consigo até que ele cede:

- Tudo bem...
- Obrigada.
- Mas vamos cuidar dessa mão...

♫ Então vamos para a enfermaria. Passam um líquido para desinfetar e põem alguns curativinhos onde a coisa estava pior: Staicy tinha pisado tão forte e por tanto tempo que precisei realmente deles. Minha mão ainda latejava e ardia em alguns lugares.

♫ Depois nós vamos para a cantina juntos. Ele segura minha mão boa por todo o percurso. E quando entramos de mãos dadas no refeitório, Staicy provavelmente está tentado sem sucesso usar visão laizer em mim. Will parece estar gostando de estar de mãos dadas comigo na frente de todo mundo.

☆ ♫ ☆

♫ Voltamos para a sala e nos sentamos comendo um cachorro quente cada um:

- Por que não quer que as pessoas achem que você é fraca? Ela deixou sua mão cheia de marcas...
- Não importa.
- Para mim importa...
- Will.
- É sério, fala.
- Okay... quando meu pai morreu... ele morreu por problemas cardíacos... e antes de morrer, me falou para sempre ser forte, e parecer... acreditar ser forte... que eu acabaria sendo... mais forte que ele...
Sinto meus olhos se encherem de lagrimas.

- Você é forte, fique tranquila...
- Tudo... bem...
- Calma.

♫ Ele levanta e me abraça. A sensação não é mais de medo e recusa. Agora tenho certeza que ele é uma pessoa boa. E ele é meu amigo.

♫ Na volta para casa encontro Mary que de cara pergunta o que houve com minha mão. Tento ser o mais natural possível quando falo:

- Você acredita que eu caí bem encima dessa mão e machucou desse jeito?
- Acha que eu sou burra?
- Essa desculpa também não colou para o Will.
- É que ele também não é burro.
- Esqueça minha mão, é um assunto que prefiro não comentar...
- Tudo bem, não vou te forçar a nada. Vai ver por isso não tenho nenhum amigo... eu sempre sou curiosa demais.
- Mary, você deve sim ter algum amigo.
- Eu não tenho ninguém que goste de mim...
- Olha, eu acho você legal.
- Aham, sei.
- É sério, eu geralmente não minto. E quando minto fica como a história da minha mão, uma mentira que ninguém acredita.

♫ Ela dá um sorrisinho para mim e eu devolvo o gesto.

☆ ♫ ☆

♫ Chego em casa minutos depois e encontro minha mãe conversando com minha tia. Elas parecem bem animadas de se reencontrarem:

- Oi...
- Oi filha!
- Oi Alex - minha tia sorri para mim.
- Filha... sua mão...?
- Isso não é assunto para agora mãe... por favor.
- Vou deixar vocês a sós.
- Tia Carmen.... Mas ela já tinha ido embora.

♫ Penso em uma desculpa para sair dali ou para justificar minha mão mas... é minha mãe, merece a verdade de mim. E eu conto a verdade. Ela primeiramente fica sem feição nenhuma, depois sua feição muda para uma cansada:

- Alex... você tem que contar esse tipo de coisa para alguém. E não querer esconder... ninguém é forte por esconder a dor...mas por assumi-la.

♫ Essa é a minha mãe... sempre dando os melhores conselhos...

- Tudo bem... da próxima vez, que espero que não exista, farei alguma coisa...
- Okay... vamos dar uma olhada nessa mão.

♫ Ela cuida da minha mão roxa, que por sorte era a esquerda e não a mão com que escrevo. Depois passamos uma noite bem divertida: eu, minha tia e minha mãe olhamos filmes, conversamos, rimos e por último dormimos, cada uma no seu quarto.

♫ Acordo com minha mãe passando os dedos levemente em meus cabelos. Sorrio para ela. Como havia sido difícil ficar sem ela esse tempo da viagem... Me levanto e vejo que são 7:00 horas... tinha esquecido de por o telefone para despertar. Mas agora tenho minha mãe para me acordar.
Me visto com uma blusa de manga curta azul pastel, calça jeans preta e sapatilha preta. Minha mãe aprova a roupa, então algum tempo depois ela me leva de carro para a escola.

☆ ♫ ☆

♫ Will está me esperando quando chego. Minha mãe e ele se cumprimentam e ela se despede de mim. Antes de entrar no carro ela fala para Will:

- Cuide da Alex.
- Mãe!!!
- Está bem! Desculpe.

♫ Ela entra no carro e vai embora:

- Minha mãe e seus exageros.
- Eu levei a sério, vou cuidar de você.
- Não preciso ser cuidada...
- Capaz... alguém te machuca e você nem liga.
- Will...

♫ Ele chega mais perto e olha bem nos meus olhos.

- É sério, não tem que o que você possa fazer contra isso.

♫ Ele passa os dedos fazendo carinho no meu rosto e eu perco o chão:

- Will...
- Sim...?
- Vamos nos atrasar...
- Estou nem aí...
- Will.
- Está bem.

♫ Ele se afasta um pouco e eu suo frio. Parece que um raio me atingiu...

- Vamos - diz ele.

☆ ♫ ☆

♫ Na aula de português recebemos um trabalho para fazemos em duplas mistas. E é claro, vou fazer com Will. Mas eu percebi que... ele está diferente comigo... parece que querer partir a barreira da "Friend zone". Ele ficou a aula inteirinha me olhando de canto de olho, e quando percebia que havia sido flagrado, sorria....

♫ Na hora do intervalo combinamos dele ir na minha casa para fazermos o trabalho. Então comemos um pedaço de bolo cada que eu havia levado.

☆ ♫ ☆

♫ No fim da aula vamos de moto para minha casa. Minha mãe não está, pois tem uma reunião e minha tia chegaria mais tarde... ou seja... sozinhos...

♫ Nos sentamos na mesa da cozinha e começamos o trabalho. Estávamos indo bem, tínhamos feito 1/4 do trabalho em meia hora. Num momento ele para o que está fazendo e fica olhando para mim. Eu faço o mesmo:

- Que foi?
- Nada...
- Sério, fala...
- É que eu estou em dúvida numa coisa...
- O que? Eu disse que você deveria ter prestado atenção na professora quando ela explicou o trabalho.
- Se você gosta ou não de mim...
- Que pergunta... É claro que gosto, você é um ótimo amigo...
- E mais do que amigo?
- Ah... VOLTANDO AO TRABALHO. Eu estava pensando...
- Alex. Gosta ou não?
- Por que a pergunta? Você gosta de mim mais do que uma amiga?
- Eu perguntei primeiro.
- Eu apenas gosto de você. Pronto.
- Eu gosto de você mais que uma amiga.
- Como é?
- Você ouviu, não me faça repetir. VOLTANDO AO TRABALHO.
- É sério?
- Sim. Vamos voltar ao trabalho.
- Will, também gosto de você... mais que... você entendeu.
- Como?
- "Não me faça repetir".

♫ Ele fica em silêncio por um momento olhando para o caderno e depois vira para mim. Coloca sua mão na minha nuca bem devagar e se aproxima, me aproximando junto. Eu tenho um ataque de tremedeira. Oh, oh, oh... O que está acontecendo? Quando ele está prestes a me beijar alguém toca a campainha.

♫ Nos afastamos rapidamente e passo a mão nos cabelos para tentar esconder que eu estou histérica. Sem olhar para ele voo para a porta e vejo no olho mágico... É Mary. Abro a porta e fico o mais natural possível:

- Olá Mary... o que faz aqui?
- Eu estou precisando de ajuda numa questão do trabalho de português e queria saber se você e Will poderiam me ajudar, já que a professora deu o mesmo trabalho para as duas turmas pelo que fiquei sabendo.
- Will? - pergunto como se ela houvesse descoberto um segredo.
- Sim, você falou que vinha com ele, por isso não ia voltar comigo.
- Ah... sim, verdade... claro, mas o trabalho não era em duplas mistas?
- A professora deixou eu fazer sozinha... mas acho que agora me arrependo, hehe.
- Não, tudo bem, entre. Ela entra e a guio até a cozinha. Will e ela se cumprimentam, mas ele está olhando fixamente para mim... tento não olhar muito para ele... TIPO, ELE IA ME BEIJAR.

☆ ♫ ☆

♫ Ajudamos Mary do que ela precisava e quando nós duas estamos nos despedindo na porta, minha mãe chega. Aviso que Will está na cozinha. Um fator que tenho vantagem na minha vida: minha mãe confia em mim e sabe que não faço nenhuma besteira que nem ligou muito para o fato. SIM, tenho sorte nesse quesito.

♫ Eu e Will decidimos deixar a outra metade do trabalho para fazermos na casa dele, no fim de semana, já que era quarta feira e não tínhamos pressa para fazer o trabalho. Marcamos no sábado da mesma semana, já que no outro eu estaria na competição de química. Ainda não assimilei tudo o que aconteceu hoje...

♫ Os dias de aula antes do sábado custaram a passar... acho que até fiquei feliz por isso, pois estava meio nervosa em ir à casa dele...
Quando sábado chega e é hora de sair para fazer o trabalho, pus uma calça jeans azul quase pastel, camisa xadrez vermelha fechada e sapatilhas pretas. E sigo meu caminho. Vou a pé, já que a casa dele não é muito longe pelo que ele me disse quando explicou o endereço.

☆ ♫ ☆

♫ Chego lá nervosa... e toco a campainha. A casa dele é enorme. Uma voz elegante de mulher pergunta pelo interfone:

- Com quem estou falando?
- Olá, sou Alexandra, colega do Will e vim fazer um trabalho - tento manter minha voz normal e firme.
- Entre.

♫ Então o portão abre e eu entro. A porta abre-se também, vejo que Will a abriu, e ele está sorrindo:

- Oi Alex.
- Oi...

♫ Entro e vejo uma mulher loira do mesmo tom de Will sentada num sofá que devia custar mais que minha sala inteira. Ela se levanta e me dá 2 beijinhos de comprimento como madames chiques fazem. Retribuo.

- Prazer querida, meu nome é Sonia, sou a mãe do Will - ela tinha a mesma voz da mulher do interfone.

♫ Eu havia falado com ela. Estranhei o fato, pois eles deviam ter um empregado para fazer isso já que tinham uma casa tão grande, mas afastei o pensamento da minha cabeça. Segui Will pela casa até seu quarto, e durante isso, percebi que o resto da casa era como a sala: cara.

♫ Quando Will abre a porta do quarto chego a me surpreender...é um quarto bem simples se comparado ao resto da casa que vi. Entramos e ele fecha a porta... não estou gostando nada disso... nem um pouco...

♫ Continuamos a fazer o trabalho e o acabamos depois de um tempo que eu nem sei quanto foi... talvez uma hora. Quando acabamos ele olha para mim, e ficamos lá, nos olhando... sem falar nada.

♫ Ele se aproxima de mim e eu dele, tipo, muito nervosa. O que eu estou fazendo, por que estou fazendo? Nossos lábios estão a centímetros uns dos outros... Meu coração está apertando e pegando fogo... até que nossos lábios estão a apenas UM centímetro... Oh meu Deus do céu... E O CELULAR DELE COMEÇA A TOCAR!

♫ Ele se afasta e olha no identificador de chamadas: é uma tal de Victoria, e a foto que aparece mostra uma menina de cabelos pretos e olhos azuis... ele me olha e eu assinto, então ele atende meio sem jeito e escuto a menina falar:

- Will, por favor! Você disse que encontrou alguém especial e que não quer voltar comigo por que eu só sabia reclamar...mas larga essa idiota! Como é o nome? Alexia? E eu juro que mudei! E aliás, a Staicy disse que essa menina é uma estúpida!
- Victoria, nós já falamos sobre isso! Eu não quero mais nada com você! E sim, ela é especial e não é oferecida nem estúpida!
- Will! A um tempo atrás nos passávamos por essa menina e dávamos risadas dela!!! O que tem de errado com você?

♫ Nesse mesmo milésimo de segundo eu levanto, pego minhas coisas e saio do quarto, Will foi mais lento então chego antes a sala onde a Sonia está... me despeço dela como se nada houvesse acontecido nada e vou embora... Will não consegue me alcançar... pois eu corro para casa.