♫ Bem, minha mãe não sabia que eu ia entrar por uma janela na casa da Mary.... Mas, fazer o que? Minha tia dirige até a casa dela e quando chegamos, ela me olha com desconfiança:

- Você vai fazer besteira, né Alex?
- Provavelmente, mas vai ser a primeira e última das férias. Prometo.
- Por favor, tome cuidado, por que se sua mãe descobre, ela me MATA.
- Tia, confia em mim.

♫ Saio do carro sorrindo. Minha mãe é para conselho. Agora, apoio nas minhas loucuras, só minha tia mesmo! Vou para trás da casa e acho a janela de Mary. Sorte que o quarto não era no segundo andar! Dou batidinhas leves e vejo uma luz se acender por trás do vidro da janela.

♫ Mary abre a cortina e arregalas os olhos como sempre faz quando eu faço alguma idiotice. Ela abre a janela e diz:

- Você é maluca?
- Não, eu sou uma boa amiga! Isso sim. Agora passe o relatório. Pai e mãe em casa?
- Não, entra.

♫ Pulo aquela janela nada graciosamente, mas entro naquele quarto.

- Pensei que seus pais estariam aqui...
- Na verdade.... Minha mãe está morta, e meu pai pegou o turno da noite no trabalho, ele é médico.... Vai chegar só por umas 6 horas da manhã, talvez um pouco antes.
- Sinto muito pela sua mãe.... Bem, e seu pai não desconfiou que você iria sair da casa ou algo do tipo?
- Eu posso estar de castigo, mas ele ainda confia um pouquinho em mim. De certa forma, não quebrei nenhuma regra, por que eu não saí. Você entrou.

♫ Rio diante da analogia de Mary. Abro a mochila e mostro as balas e doces para ela.

- Pelo menos uma coisa boa nesse dia!
- Ei, e o encontro com o Charlie?
- Esse foi arruinado no final, então não vale.
- Ele chegou a te ligar?
- Não.... Quer dizer, sim.... Mas meu pai pegou meu celular antes de eu atender. Liguei para você do telefone fixo, cujo Charlie não sabe o número! Ele deve estar pensando o que de mim agora.
- Acalme-se, garota. Ele entende que não foi culpa sua, nada disso. E ele disse que vai dar um jeito.
- Só não sei como! Com o pai que eu tenho....
- Calma, vai.

♫ Sentamos na cama e começamos a comer. Resumindo, passamos quase a noite inteira conversando e comendo besteira. Entro no meu facebook pelo note que trouxe na mochila e vejo que Will está online. Aliás, ele até pergunta:

“O que está fazendo acordada a essa hora?”
“Pergunto a mesma coisa para você, senhor Will.”
“Primeiro você.”
“Estou de penetra na casa Mary, o pai dela realmente não deu trégua para ela. Agora você”
“Eu estava aqui em um jogo online no face quando Charlie me chama no chat privado e conta o que aconteceu. Ele perguntou exatamente assim: O que eu faço com essa maldita situação?”
“Ai meu Deus, nós dois viramos conselheiros amorosos!”
“Nem me fala”
“Eu vou sair aqui, conversar um pouco mais com a Mary e depois voltar para casa”
“Sozinha? Às 4:45 da manhã? Só em sonho mesmo”
“Querido Will, eu moro a umas 3 quadras da casa da Mary. Estou nem ai!”
“Pelo amor de Deus”
“Will, o pai da Mary chega por volta das 6 para casa, talvez antes. E se ele chega e me encontra aqui?”
“Melhor que ser raptada!”
“TCHAU, BEIJOS MEU QUERIDO WILL”

♫ Desconecto o Facebook e continuo a conversa que estava tendo com Mary antes dela ir no banheiro. Depois de alguns minutos, eu falo que vou ir embora por segurança e começo a organizar minhas coisas na mochila. Ela só falta me algemar.

- Você não vai sair daqui de madrugada assim sozinha não!
- Aí, você está que nem o Will! Me deixa, ninguém vai me sequestrar.
- Ainda continua perigoso, quase ninguém está na rua, e os que estão.... Não são as melhores pessoas.
- DEIXA EU IR, MARY CLERENCE.
- NÃO. Sozinha você não vai.
- Se eu esperar mais, corre o risco de seu pai chegar, gênia!
- Liga para sua tia, quem sabe.
- Eu não vou acordar ela para vir me buscar se a ideia foi minha!
- Por favor, TOMA CUIDADO. Eu não quero saber que aconteceu alguma coisa ruim com você.
- Relaxa. Eu vou ficar bem.

♫ Me despeço dela com tudo já arrumado dentro da mochila e pulo a janela de novo. Ando uma quadra e meia e escuto passos atrás de mim. Droga.

♫ Apresso o passo sem olhar para trás e de repente alguém pega meu pulso de forma bruta e forte, me puxando para trás. Dou um grito SUPER alto, o mais alto que eu conseguia e sou quase derrubada no chão. Escuto risadas.

♫ Olho apavorada em volta e vejo um grupo de uns 5 garotos de mais ou menos 18 anos. Todos rindo de mim que ainda era segurada pelo pulso por um deles. O bafo é de cerveja. ÓTIMO. Tento me soltar sem sucesso.

- Me solta, agora.
- Oh amor, está com medo?
- Não, só não quero um bêbado me segurando contra minha vontade.

♫ Ele continua agarrado ao meu pulso e o resto do grupo faz cara de dó para mim. Que ideia foi essa a minha? Todo mundo dizendo: Não volta sozinha. Fui muito inocente.

♫ Escuto uma voz firme e familiar vinda de trás de mim.

- Solta a garota, babaca.
- E quem é você para me dizer o que fazer, marica?
- A pessoa que vai te dar uma surra se você não parar de agir como uma mula.

♫ Finalmente meu pulso é solto e eu posso me afastar uns 5 metros daqueles idiotas. Sabe de quem vinha a voz do meu “salvador”? Do bendito entregador de pizza. Ele podia parecer mais novo do que os integrantes do grupo, mas tinha bem mais preparo físico.

- Tudo bem?
- Acho que sim....
- E daí marica? Não ia me dar uma surra? – Instiga o bêbado.
- Agora que você já parou de ser idiota pelo menos com ela, não preciso mais fazer isso.

♫ Só agora noto o quanto fiquei suada com a situação. O vento frio faz eu me arrepiar. Por muito incrível que pareça, os idiotas não nos incomodaram mais enquanto nós começamos a caminhar. Repare o “nós”.

- Bem, o que estava fazendo na rua a essa hora? Claro, não reclamando disso, já que você me livrou de um desastre.

♫ Ele ri diante do comentário e responde:

- Estava saindo de casa para ver se consertava minha moto antes do trabalho. E..... Ouvi o grito.
- Ah.
- E você? O que estava fazendo andando sozinha às 5 horas da manhã?
- Estava saindo da casa de uma amiga.... E bem, o trajeto não foi como eu pensei que seria.
- Estou vendo.
- Qual seu nome?
- Daniel. O seu?
- Alex.

♫ Acredita que ele me acompanhou até a minha casa? GRAÇAS A DEUS. Não queria ter outro encontro daqueles com idiotas como aqueles. Agradeço pela “escolta” dele e cada um vai para o seu lado.

♫ Visão Alex

♫ Minha mãe só faltou matar eu e minha tia. Maldição. Claro que ela ouviu quando eu deschaviei a porta de entrada. E automática percebeu minha palidez. É aí que veio o sermão. Sua última frase foi:

- Eu só não te boto de castigo por que é capaz do Will, do Charlie e da Mary – que está de castigo -, vierem aqui e pularem alguma janela para entrar. Mas você está proibida de fazer esse tipo de loucura! E se o tal Daniel não chega na hora e te “salva”? Como acha que eu iria me sentir sabendo que deixei você sair de casa para uns safados te agarrarem na rua? A sua sorte é que eu ainda sou uma mãe compreensiva e sei qual é a sensação de ter uma amiga em apuros!

♫ Ela faz uma pausa e vira agora para minha tia:

- E você Carmen! Nunca mais acoberte a Alex nas loucuras adolescentes que ela dá!

♫ Então minha mãe sai marchando dali. Já são mais ou menos umas 5:30. Mamãe volta para seu quarto e dorme novamente. Eu e minha tia fazemos o mesmo.

♫ Acordo com o meu celular tocando em cima da cômoda:

- Alô.... – Bocejo – Alô?
- EU FALEI, MAS VOCÊ É INCAPAZ DE ESCUTAR. IN-CA-PAZ!
- Ah não Mary. Não acredito que vai me dar sermão. Minha mãe já fez isso por você!
- NÃO, AGORA EU VOU DAR SERMÃO!

♫ É A VOZ DO CHARLIE?

- CHARLIE?
- Oi.
- O que você está fazendo na casa da Mary?
- O pai dela foi chamado para uma cirurgia de emergência e daí eu vim aqui ué.
- Ah.... Bem.... TCHAU. SEM SERMÃO POR HOJE. BEIJOS PARA VOCÊS.

♫ Começo a rir sozinha. Ai, ai, feitos um para o outro.

♫ Visão Mary.

♫ Eram mais ou menos 9:30 quando meu pai foi chamado para uma cirurgia emergencial. E então eu fiquei sozinha. Por mais ou menos umas 10 horas, a mãe da Alex ligou contando o incidente. Sabe aquela raiva que dá de uma amiga que não quer te escutar?

♫ Fui incapaz de ficar com a informação só para mim. Até por que eu me sentia muito culpada. Então eu liguei para Charlie do telefone fixo quase sem lembrar que toda a situação tinha acontecido por causa dele....

- Quem fala?
- Oi Charlie!

♫ E daí eu começo a falar como uma metralhadora. E daí ele de repente falar rindo:

- Eu não acredito numa coisa dessas. Seu pai está em casa?
- Você acha que eu te ligaria se ele estivesse? Ele iria ouvir do telefone do escritório lá em cima e daí iria piorar tudo.
- Posso ir aí?
- Só espero que ele não chegue enquanto você estiver aqui, mas.... Pode.

♫ E daí ele vem e ficamos conversando. Até ligamos para a Alex para darmos sermão nela. MAS a espertinha usou o fato do Charlie estar aqui para se escapar. Eu nem sei quanto tempo ficamos conversando sentamos na minha cama, só sei que houve um momento em que paramos sorrindo um para o outro e então fomos nos aproximando.... E CLACK. A porta da sala é deschaveada e aberta.

♫ CHARLIE ESTÁ NO MEU QUARTO. Escutamos os passos do meu pai no corredor e ele abre a porta.