[One shot] O Piano Macabro |
Daydream « Censeur » 1458399600000
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O Piano Macabro Era uma tarde nublada e fria. Eu já podia ver a chuva chegando cada vez mais perto. Corri até um velho sobrado azul para me esconder. Estava atrasada para o trabalho, mas o pneu do meu furgão havia furado e eu estava a pé. Não poderia fazer mais nada além de esperar. Oh! Mil perdões! A pressa é tão grande que acabei esquecendo-me de me apresentar. Eu me chamo Michael, tenho vinte e seis anos de idade, olhos azuis e cabelos castanhos e com algumas mechas grisalhas. Você deve pensar que já estou velho por ter mechas grisalhas, mas não se preocupe, são apenas falhas genéticas. Moro sozinho em um apartamento no centro da cidade de Belo Horizonte. O lugar é tranquilo, mas o que me estressa - muito – são os barulhos infernais que ouço todas as tardes daquele maldito transito. Como eu ia dizendo, a chuva fria e ácida chegara e fui obrigado a procurar outro esconderijo. Comecei a andar rapidamente pelos cantos das ruas quando um som me chamou a atenção. Era um som magnífico, notas e melodias perfeitas vindas de um piano que soavam como se um anjo o estivesse tocando. Andei em direção ao som buscando encontrar quem era o ser divino que ali estava me fazendo viajar nos pensamentos com apenas algumas notas. Corri em meio à chuva e cheguei até um prédio. O lugar era enorme, três andares e dois auditórios. Entrei sorrateiramente e fui em busca daquele maravilhoso som. Quando cheguei até o auditório, avistei uma linda mulher de pele pálida, cabelos ruivos longos e cacheados, olhos cor de avelã e um maravilhoso corpo que combinava perfeitamente com o som que saía daquele piano. Seu nome era Lydia, eu já havia a encontrado em algum lugar pela cidade, mas nunca reparei na beleza que ela carregava consigo. Passaram-se alguns minutos e a chuva havia diminuído. Corri até meu apartamento e fui dormir. Não importava o que eu estivesse fazendo, tudo me fazia recordar aquele lindo rosto de Lydia. Perdi-me em meus próprios pensamentos e decidi segui-la todos os dias. Acabei por descobrir que aquela linda mulher ia todas as quartas-feiras até o Centro de Cultura e brincava com as melodias daquele magnífico instrumento. Eu precisava chamar a atenção daquela mulher e decidi que iria aprender a tocar piano. Durante duas semanas de muito esforço, fracassei. Tentei todos os métodos possíveis, mas não conseguia nada mais do que apertar as teclas e sair um som horrível que era capaz de fazer alguém sangrar. Desesperado por não conseguir alcançar meu objetivo, segui um conselho – meio estranho – de um amigo. Disseram-me que eu poderia conseguir o que quisesse se vendesse a alma para o diabo. Comecei a pesquisar sobre a invocação do demônio e, em algumas páginas na internet mostravam avisos falando que isso atrairia coisas ruins, alertando-me a não fazer. Babacas, acham que tenho medo. O ritual foi simples e rápido. Três galinhas pretas mortas, um círculo com sangue de cobra e eu, óbvio, no meio. Quando o relógio bateu à meia-noite um espírito negro e amedrontador apareceu em minha casa. Ele usava um capuz preto que não me deixava enxergar seu rosto e carregava um machado nas costas. Ah, e voava. Confesso que fiquei morrendo – literalmente – de medo. Fui direto ao meu objetivo. Tudo o que eu queria era conquistar aquela linda mulher através de uma música tocada no piano. O espírito estendeu a mão em minha direção e como um sinal de acordo fiz o mesmo. Os dias se passaram e a esperada quarta-feira chegou. Ah, aquele som do piano soava como paz em meu coração, apesar de ter começado a sentir apenas um vazio desde a última semana. Deve ser efeito colateral. Aproximei-me do auditório e subi ao palco. Ela me encarou por alguns segundos e me observou enquanto eu sentava em um banquinho velho, arrumando-me em uma posição confortável para apresentar a minha “famosa peça”. Quando comecei a tocar, as notas eram lindas, porém era uma música em um tom menor, o que deixou o clima meio pesado ao invés de romântico. Tentei parar a música, mas eu não conseguia. Meus dedos deslizavam sozinhos pelas teclas do piano e a música ia ficando cada vez mais alta. Lydia veio caminhando até mim e vi que ela estava chorando. Tentei perguntar o que ela estava sentindo, mas a música ia ficando cada vez mais alta. Seus olhos começaram a derramar sangue, sua boca já estava negra e ela tentava gritar, mas sua voz não saía. Apenas o som do meu piano. Lydia ficou possuída pelo espírito, pegou uma das cordas do piano e se enforcou ao meu lado. Tentei impedir, gritei, chorei, mas foi tudo em vão. No seu último suspiro de vida a música acabou. O espírito ironicamente sorriu pra mim com os olhos vermelhos e me disse que eu deveria ter esperado e ouvido todo o processo de seu trabalho antes de aceitar e desapareceu. Meu sofrimento foi tão grande que eu não aguentei ver minha amada morta ao meu lado. Não demorou muito e decidi acabar com a minha vida também. Em vão. Morri na carne e acordei no espírito. Lá estava ela, linda como sempre. Lydia finalmente era minha! Finalmente cheguei até meu objetivo. A partir daí, todas as quartas-feiras eu ia até o Centro de Cultura e tocava aquele piano, que já se tornara amaldiçoado. A maldição fazia com que todas as pessoas que passassem por perto e ouvissem a música até o final, morreriam em instantes com sangue pelos olhos e ficariam presos à eternidade - do mal - conosco. Igual a mim, vítima de minha própria façanha. Aliás, igual a nós! Enquanto você lia meu conto, meus dedos acariciavam aquelas lindas teclas do piano e você nem se deu conta de que ouvia cada nota, cada som, cada dor, cada terror. Dernière modification le 1458399660000 |
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First Li e amei *U*. Pena que é apenas uma One shot. Pensava em outras coisas que iria ocorrer na história, mas a cada linha que eu lia, me surpreendia cada vez mais. Meus parabéns Dernière modification le 1458401040000 |
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Legal a história |
Anjaddeus « Citoyen » 1458996120000
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Devo admitir que fiquei levemente surpreso com esse final E eu não me surpreendo com frequência :^^ Muito, muito bom mesmo, a ortografia também não está nada mal. Só que, se o objetivo central era ocasionar o sentimento de medo e obscuridade no leitor, creio que deva praticar mais :SS Me decepcionei porque achei que o começo de cada parágrafo ia formar uma frase no final :(( |
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que floop mas legalzinho |
Daydream « Censeur » 1494079500000
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Mrorko a dit : mais flop que bom apetite obrigado <3 |