[Conto/Fantasia] Lapso Ressonante |
Jonasmago « Citoyen » 1462136400000
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Apresento-lhes um pequeno conto que estou desenvolvendo. Enquanto meus projetos para algo que pretendo transformar em trilogia não terminam, ficarei criando esses contos. Ou não, a preguiça sempre me domina. De qualquer forma, espero que gostem. Publicarei as partes aos poucos, logo após terminá-las. Não sei quantas partes terão exatamente, mas algo por volta de três ou quatro. Não será nada muito longo. Também não garanto que o restante será do tamanho da Parte 1, podem ser menores. P a r t e 1 Acordei com um importuno odor de fumaça me provocando tosse, que por sua vez despertou-me por completo. Uma pequena chama lutava para permanecer ateada dentre rochas e pequenos gravetos carbonizados, iluminando as partículas de cinzas que havia precedentemente queimado. Contudo, o cheiro forte que me acordou não vinha da desamparada chama, e sim de uma área adiante na floresta: uma enorme nuvem de fumaça preenchia o espaço sobre mim. Cocei a cabeça imaginando o que poderia estar acontecendo, porém logo dei lugar destes pensamentos para os da minha situação atual. Perguntas lentamente se formavam na minha cabeça: Onde eu estava? Como parei aqui? Quem sou eu? Percebo que entre a grama e diante de mim, uma espada jazia aos meus pés. Considerei-a minha, logo a pegando e dando uma breve olhada ao redor, nas esperanças de que alguém surgisse. Nada apareceu, senão um pequeno grupo de pássaros que voavam na direção contrária à minha. Senti-me angustiado por estar numa área deserta. Tentei gritar por ajuda, porém foi em vão; por alguma razão, minha voz não saía e nada além de um ruído irritante podia ser escutado. Determinei-me a descobrir o que estava acontecendo, dirigindo-me à fumaça negra que cobria grande parte do céu e se originava de um lugar qualquer a alguns metros de onde há pouco acordei. Nada em minha volta contribuía para que eu entendesse o que havia acontecido, meus pensamentos se resumiam em perguntas que eu não sabia se de fato alguém poderia responder. O vento bateu com força em meu rosto, interrompendo minhas reflexões e fazendo-me voltar a focar meu destino. Voltei a caminhar. Eu havia despertado muito próximo do pôr do sol, pois pude perceber que a luz do dia tornava-se cada vez mais fraca. O laranja misturava-se com o preto da fumaça, transformando o céu numa assombrosa dança de escuridão que corrompia a luz. Logo após escassos passos eu pude notar que a espada havia começado a resplandecer e mudar de forma. Em poucos segundos senti como se estivesse segurando força pura. Alguns feixes de luz corriam ao seu redor, como se a lâmina criasse mais energia do que pudesse carregar consigo. A senti mais leve, mais potente... viva; simultaneamente fazendo-me sentir o mesmo em meu interior. Eu não sabia o que a tinha feito ficar assim, mas em minha atual condição eram poucas as coisas que eu sabia; e sendo uma delas o lugar que eu devia ir, não deixei-me hipnotizar pela beleza de minha arma ou minha revitalização, assim prosseguindo na direção da origem da fumaça. Estando a poucos metros de meu foco, consigo notar um rapaz, jovem e magro, atiçando o fogo que produzia a intrigante fumaça. Me aproximei mais, assim fazendo o garoto me notar. Ele ficou surpreso, porém não assustado; pelo contrário, parecia desesperado por ajuda e olhou para mim como se eu fosse sua última chance de viver, o que de fato era. Infelizmente eu não possuía esse conhecimento no momento. Seus olhos refletiam o medo que sentia; mas pelo quê? Notei que ele não dizia nada, apenas gesticulava freneticamente na direção de algo no céu — a fumaça limitava meu campo de visão, então não pude compreender. Algo havia traumatizado o rapaz, e provavelmente ele não conseguia falar pelos mesmos motivos que eu. A questão que me martelava ininterruptamente era quais motivos seriam estes. Balancei a cabeça de forma negativa para indicar que não entendia o que o garoto queria dizer. Visivelmente frustrado, ele se abaixou e começou a desenhar formas na terra com seu dedo, as que reconheci como letras. Uma letra "M" foi porcamente desenhada, sendo acompanhada por outras visivelmente feitas com pressa. A palavra "MURMURADORES" assentava no solo entre mim e o jovem. As letras tremidas feitas por suas mãos inquietas demonstravam sua impaciência. Permaneci com a visão sobre o que foi grafado na terra por um extenso período. Ainda sem compreender, parei de encarar o que foi recém escrito. Assim que levantei meus olhos ao rapaz, me surpreendi com a figura que irrompia das árvores e se aproximava rapidamente de sua direção. Tentei gritar; em vão, assim como antes. Num piscar de olhos, o braço em forma de lâmina da criatura estava atravessando o peito do pobre ansioso. Uma sombra tão negra quanto a do monstro que o matara dissipava-se sobre seu corpo, consumindo-o lentamente. A sombra encobriu-o por completo em instantes, e o que antes era seu corpo, agora desvanecia numa delicada poeira que foi arrastada pelo vento. A poeira afastava-se de minha visão, assim como o sol, que estava prestes a sumir no horizonte. Eu estava sozinho, diante do ser de trevas e sem ter certeza do que realmente fazer. Minha espada pulsava entre meus dedos, como se suplicasse para ser usada. Eu tinha certeza que teria de usá-la se quisesse sobreviver, pois o confronto era iminente. Os vazios olhos brancos da criatura perfuravam minha alma, dando-me uma imensa vontade de fugir. O monstro parecia gerar sons; sussurros, para ser mais específico. Várias vozes sussurravam e gemiam simultaneamente, fazendo minha cabeça girar e implorar por silêncio. Agora eu entendia o medo do rapaz com total nitidez, eu estava diante de um murmurador. Um turbilhão de energia era transportado da espada para mim, fazendo-me sentir uma força como jamais senti. Meu corpo emanava uma aura branca e partículas de luz giravam ao meu redor, subindo e descendo com sutileza e velocidade. O que era essa lâmina afinal? Não tive tempo para admirar ou formular respostas, pois o evento impressionou mais a mim mesmo do que a criatura, que já avançava em minha direção sem receio algum. As vozes que saiam de seu corpo elevaram-se, desesperadas, como um infeliz clamor por misericórdia que nunca seria atendido. Seus olhos brancos projetavam um rastro de luz por onde haviam previamente passado. As sombras ao redor do monstro tornavam difícil enxergá-lo em pleno pôr do sol, minha única referência era sua trilha fluorescente criada por seus olhos, que se aproximava cada vez mais. A espada brilhou, minha aura se expandiu, e assim eu tentei o ataque. Com um movimento rápido, corri contra o murmurador e segurei a espada contra meu peito, mirando sua ponta com precisão. As vozes gritaram mais uma vez, e assim ele saltou, deixando-me perdê-lo de vista. Os últimos raios de sol cortavam dentre as folhas das árvores, a escuridão já era quase completa. O fogo que o rapaz havia acendido anteriormente combatia o vento para manter-se aceso, porém não demorou muito para que apagasse. O brilho de minha arma e da aura ao meu redor não parecia iluminar o lugar suficientemente bem para que eu enxergasse melhor. Notei o silêncio; a criatura havia corrido... eu venci? Tinha certeza que não. Olhei para trás, na direção do sol poente. Eu pude vê-lo sumindo, deixando-me sozinho na escuridão. Eu não enxergava nada, e era por isso que o murmurador esperava. Dois pontos luminosos, seus olhos, desciam de uma árvore ao meu lado. O rastro de luz começou a se aproximar, correndo da direita para a esquerda, tentando desorientar-me. Num certo momento, ele pareceu correr para minha direita, porém parou na metade do caminho e veio diretamente até mim; a criatura era inteligente. Surpreso, porém não despreparado, fiz um corte horizontal com minha espada, criando um fascinante e iluminado rastro. O murmurador gritou, dessa vez com sua própria voz; eu havia atingido-o em cheio. O monstro afastou-se, dessa vez fugindo. Os gemidos e gritos distanciavam-se cada vez mais até finalmente se cessarem. Eu havia vencido. Minha aura apagou-se e a espada voltou ao normal, aparentando ser uma simples lâmina de metal, o que eu já estava certo de que não era. Sentei exausto na terra dura, gemendo de cansaço. Mesmo sem ter sido atingido eu já estava acabado, como eu poderia sobreviver se não tivesse a arma mágica comigo? Eu não queria nem pensar em formas de me virar contra essas criaturas sem ela, pois eu não largaria-a nunca mais. Agora que eu finalmente estava em paz, pude tentar organizar meus pensamentos. As dúvidas geradas ao meu despertar não foram respondidas, apenas complementadas com mais dúvidas: quem são os murmuradores? o que eles querem? o que o rapaz queria me dizer sobre esses monstros? O rapaz... pobre garoto. Uma lembrança chegou até mim; ele apontava para algo no céu. No momento eu não podia ver, pois a fumaça de sua fogueira tapava minha visão, e agora que ela se foi estou envolto pela escuridão da noite. Não me restava nada senão esperar o amanhecer e torcer para que não encontrasse com outro murmurador. Contudo, eu não conseguiria dormir agora; havia acabado de acordar e a adrenalina da batalha ainda percorria meu corpo. Decidi procurar por mais pessoas vivas, afinal eu estava desmaiado no meio da floresta, indefeso, e sobrevivi. Com certeza teria mais alguém por aí, talvez eu pudesse salvá-los. Dernière modification le 1462990020000 |
Vikavilewell « Citoyen » 1462229400000
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ótimoótimo pena q n tem continuação :') |
Louizx « Censeur » 1462244880000
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a crítica já foi dada em outro lugar e podem ler ai galera orra |
Jonasmago « Citoyen » 1462246800000
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Vikavilewell a dit : mas ainda vou continuar ue |
Nedior « Citoyen » 1462287300000
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Li o texto, mas minha mente não conseguiu se abrir totalmente para isso, então vou lê-lo novamente mais tarde. Só aí vou fazer a crítica quanto ao enredo em si. Já quanto aos errinhos de português, o texto não está tão gritante quanto aqueles mais antigos aka Thomas e os guardiões Dentre as gaefes que eu mais percebi no decorrer do capítulo, estão quatro: 1. Gerúndios excessivos; 2. A mudança do tempo da narração entre presente e passado, principalmente no segundo parágrafo; 3. O uso excessivo do que. No caso dele ser pronome relativo, você pode tentar substituir por qual e suas variações; na função de conjunção integrante, pode transformar a oração subordinada em uma reduzida; 4. Os pontos-e-vírgulas usados de forma errada. Você só deve usá-los se estiverem de acordo com as seguintes regrinhas: • Quando se quiser separar duas orações ligadas por uma conjunção coordenativa, põe-se o ponto-e-vírgula no lugar da oração. "Maria gosta de rosas, e eu gosto de violetas" "Maria gosta de rosas; eu gosto de violetas" • Quando a conjunção de uma oração adversativa estiver deslocada, coloca-se o ponto e vírgula para separar a principal da subordinada. "Não queria que fosse, entretanto você foi" "Não queria que fosse; você, entretando, foi." Quando se fizer uma enumeração ou quando duas orações deverem ser separadas por vírgulas, mas uma delas já a possuir. "Há dois tipos de mentirosos: os que dizem que vão fazer, mas não fazem; e os que dizem que não vão fazer, mas fazem." Aliás, só mais um conselho: quando tiver um advérbio, expressão negativa ou conjunção subordinativa antes de um verbo, eles puxam o pronome para perto, ou seja, não se pode usar a ênclise nesses casos. Por exemplo, no trecho "[...] não deixei-me hipnotizar [...]", há uma expressão negativa (o não). Portanto, o correto seria: "[...] não me deixei hipnotizar [...]" Só isso mesmo, de resto tá ótimo |
Jonasmago « Citoyen » 1462330440000
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Valeu |
Nickporto « Citoyen » 1462940940000
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carai quanta coisa pra ler mano vou ver isso dps |
Jonasmago « Citoyen » 1462989660000
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Nedior a dit : Mas o ponto e vírgula tem outros usos também Posso usar para separar orações coordenadas quando uma delas já tiver elementos separados por vírgula, e quando duas orações coordenadas que guardam relação entre si não estão unidas por conjunção Exemplo do primeiro: Cheguei nesta decisão: cinco de vocês irão morrer; quatro, sobreviver. Exemplo do segundo: A pia está suja; o ralo está entupido. De fato, às vezes cometo gafes com ponto-e-vírgula Mas não tanto assim nesse texto O resto estou de acordo Por outro lado, eu prefiro, com todo o meu coração, as críticas ao lado menos sistemático dos textos Criatividade, originalidade, estrutura, enredo, fluidez Erros de gramática podem ser corrigidos por um editor, mas esses aqui não Então se possível, qualquer um que for criticar, peço que foque mais nisso ae Dernière modification le 1462989900000 |
Louizx « Censeur » 1462996380000
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Jonasmago a dit : ja fiz |
Nedior « Citoyen » 1463044320000
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Jonasmago a dit : ah sim, esqueci de falar dos verbos em elipse ok, pretendo olhar o seu texto de novo quando eu chegar, então farei a crítica |
Jonasmago « Citoyen » 1463046180000
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Uso elipse como um estilo próprio Não sei o que há errado(?) |
Spaceliar « Citoyen » 1463046720000
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Na verdade não tem problema em usar verbo em elipse, em espiral, fazendo backflip, dando mortal, etc. Não atrapalhou a fluidez do texto em momento algum |
Nedior « Citoyen » 1463148720000
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Jonasmago a dit : exatamente eu esqueci de falar que se pode usar o ponto e vírgula quando houver verbo em elipse |