Tal degelo gera a fragilização e instabilidade do solo, pois passa a deixar exposto o material orgânico preservado em seu interior, permitindo assim a impregnação de micróbios que liberarão CO₂ (gás carbônico) e CH₄ (metano), gases responsáveis pelo tão comentado aquecimento global, criando um ciclo onde o permafrost diminui e a temperatura do planeta aumenta, o qual já é considerado irreversível em uma escala de tempo humana.
Este ciclo foi chamado de "Permafrost Carbon Cycle", que numa tradução livre seria “Ciclo do carbono de permafrost”.

Processo de formação do permafrost. Ilustração por Erika Onodera/NOVA ESCOLA.

Apenas com o derretimento do permafrost já é real a preocupação com a possibilidade de cidades simplesmente serem destruídas, seja por montanhas desabando ou pelo próprio solo cedendo com a erosão e desmoronando; de rios serem drenados ou da atmosfera ser escaldada, no entanto, ainda há mais uma consequência, algo que vem aterrorizando o mundo nos últimos meses: a disseminação de vírus.

Gripe Espanhola
Em 1918, ocorreu uma epidemia de gripe espanhola na cidade de Longyearbyen, na Noruega, e o cadáver das vítimas enterradas não se decompôs totalmente no solo devido às condições climáticas de extremo frio. Dessa forma, em 1998, cientistas descobriram que fragmentos do vírus causador da doença ainda permaneciam conservados no permafrost e, apesar de ser improvável que eles causassem um novo surto epidémico, demonstravam que a possibilidade de patógenos, como os vírus e as bactérias, serem descongelados e reativados era real.

Cemitério de Longyearbyen de 1918 a 1950. Foto por Andrew Shiva.

Megavírus
Os megavírus são caracterizados por terem uma dimensão maior em relação aos outros vírus, mas não se engane, pois o maior vírus gigante, o Pithovirus sibericum, foi encontrado no solo da Sibéria e mede 1,5 micrômetros de comprimento (que é um tamanho considerado grande). O motivo pelo qual esses seres "gigantes" são mais suscetíveis a sobreviverem no permafrost é que eles tendem a ser mais resistentes do que os de tamanho comum; ainda, uma boa notícia é que pesquisas indicam que eles não infectam humanos ou animais, somente amebas.

Ilustração por Foreverlouca#0000.

Esclarecida a diferença entre os dois materiais genéticos, cabe agora falar que, enquanto os vírus de RNA, por serem mais frágeis, tendem a não estar aptos a sobreviverem congelados por um longo período de tempo, os de DNA, por outro lado, têm uma estrutura química mais estável e logo são mais resistentes ao processo de congelamento. É por esse motivo que o vírus da varíola, que possui DNA, é visto como um grande candidato a ser "reativado" conforme o aumento das temperaturas na Sibéria, local no qual inúmeras pessoas acometidas pela doença foram enterradas no passado. Toda a situação é um grande sinal de alerta às nações, uma vez que, em 1980, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a varíola como erradicada e as aplicações de vacinas foram interrompidas no mundo todo. A dúvida é: a varíola está realmente erradicada?

Este tópico foi feito pela equipe Caça Níquel n°46 da Gincana 802 com o intuito de conscientizar o leitor sobre um possível problema de nosso futuro.