⇝ Anteriormente em Cleire Redmor: Fui sim descoberta pelos soldados daquele acampamento. Coisa maravilhosa. Então já sabem né? Fuga. Uma fuga muito mal planejada: sair correndo com um arqueiro assassino atrás de mim que quase separou minha orelha da cabeça. Palmas para ele. Onde estou? Encima de uma árvore.

⇝ Uma oportunidade. Desço da árvore rapidamente e começo a correr pela floresta, sempre procurando um abrigo contra as flechas. Mas há um momento em que o arqueiro me alcança e me agarra pelos cabelos. Tento desembainhar a espada, mas ele está me segurando forte. Maldita hora para ter cabelos ruivos, são os mais fáceis de se ver em uma floresta. Ele sussurra no meu ouvido bem devagar parecendo estar gostando de me impossibilitar de fazer qualquer coisa:

- Chegou o fim da linha bonitinha, não tem mais saída.

⇝ Ele está me segurando com o braço em torno do meu pescoço e segurando minhas mãos. Ele continua falando calmamente:

- Machuquei sua orelha?

⇝ Ele vem e começa a beijar a que não está machucada. Chega!

- Não duvide do que as mulheres podem fazer!

⇝ Mordo o braço daquele safado tão forte que um segundo depois sinto gosto de sangue na boca. Tomado pela surpresa, ele me solta. Desembainho a espada e aponto para seu pescoço:

- Fim da linha queridinho. Uma palavra e você morre.

⇝ Nos seus olhos consigo sentir a intensidade da raiva que ele está sentindo por mim. Claro, ele acabou de perder para uma garota. Eu tenho que impossibilitá-lo de me seguir, então...eu cravo a espada na lateral de sua perna e pego seu arco e aljava que estavam no chão.

- Obrigada amorzinho.

⇝ Saio correndo antes que ele chame os outros. Já amanheceu e o céu está claro e azul. Corro por muito tempo antes de parar e olhar para trás. Eles não me seguiram. Devem ter pensado que não valia a pena me caçar, apesar do prejuízo que eu causei.

⇝ Agora finalmente tenho tempo de ver o estrago na minha orelha. Perdi sangue, mas ele não a acertou em cheio, está mais para um corte superficial. Aquele sangue era da hora em que ele havia me cortado, pois o corte já estava com sangue seco.

⇝ Sento entre as raízes de uma árvore para ver o meu inventario: na mochila tenho pão que deixou de ser fresco a um bom tempo, um mapa, um cantil com água velha, um saquinho com algumas frutinhas que eu colhi pelo caminho - não, não são venenosas -, algumas coisas para higiene pessoal e um saquinho com moedas. Agora também tenho uma faca de arremesso, que coloco em minha bota, duas aljavas, dois arcos e uma espada.

⇝ Anteriormente em Cleire Redmor: Minha fuga tem sucesso. E saio de lá com o dobro do que eu tinha anteriormente ao furto. Claro, sai com uma orelha cortada, mas consegui sair com a cabeça colada no corpo. Vantagem. Que bom que eles não puseram gente me procurar. Sorte. Sigo a trilha.

⇝ Obviamente troco meu arco pelo do arqueiro, o dele é bem melhor. Encho a aljava dele com as flechas que sobraram da minha e largo meu arco ali mesmo. Talvez tenha sido um pouco difícil soltá-lo ali, com o qual eu aprendi a caçar e a ser uma arqueira, mas aquele arco era um bem material, e eu tenho as lembranças dele comigo.

⇝ Começo a caminhar pela floresta, sei que estou no caminho certo para a base.

⇜♥⇝

⇝ O céu estava quase ficando alaranjado quando começo a ouvir o som de vozes ao longe. Cheguei a base. Me esgueirando através da floresta e por detrás de árvores eu olho as que estão na minha frente: há dois arqueiros em cima de árvores, guardando o lugar. Como passarei por eles eu não sei, mas o que sei é que tenho que salvar minha família.

⇝ Tento fazer com que os arqueiros fiquem de costas para mim, para conseguir observar melhor sem ser notada. Logo localizo a área onde os prisioneiros estão: em um extremo do acampamento, o contrário do que eu estou, acorrentados em várias áreas, como arvores, raízes delas ou até mesmo presos a pedras.

⇝ Eu obviamente não consigo encontrar minha família de cara, mas minutos depois percebo aquela mulher ruiva com estatura baixa, o homem com cabelos desgrenhados de marrom escuro e aquele menininho com cara de sapeca com cabelos cacheados e da cor dos do pai. Os três estão acorrentados a uma grande árvore cujo tem tantos galhos que é quase impossível de se ver além deles.

⇝ Eles estão com uma aparência péssima. Parece que não comem direito a dias. Sinto uma raiva crescendo dentro de mim. Isso não era para ter acontecido... tento me aproximar mais da árvore em que eles estão e quando me esqueiro para trás de uma enorme pedra... algo inesperado acontece.

⇝ Olho para frente a princípio, vendo se ninguém me percebeu, já que tinham uns 20 a 25 homens em várias barracas e várias áreas, mas naquela pedra ninguém podia me ver, incluindo os arqueiros. Vamos a parte em que eu me ferro: há um cão enorme, parece até selvagem... bem ao meu lado.

⇝ Eu simplesmente fico quietinha do lado daquele cão diabólico, talvez por um segundo, até ele investir para frente e tentar engolir minha cara com aquela boca enorme. Eu escapo por um milímetro daqueles dentes afiados que por sorte eram de um cachorro acorrentado a pedra. Claro, eu saio da proteção da pedra e automaticamente ouvi um grito: olhem ali!!!

⇝ Foi como se todos os olhos tivessem virado ao mesmo tempo para mim, inclusive os da minha família. Por um vislumbre consigo ver seus olhos apavorados. Depois do vislumbre eu começo a correr como se minha vida dependesse disso. Pera aí, ela depende.

⇝ Sabe quando ficamos tão apavorados que nada mais faz sentido? Isso que me aconteceu. Eu tropecei umas 10 vezes em montes de folhas, galhos caídos e até mesmo raízes. Sempre com o som constante de vozes de soldados tentando me matar. É quase noite.

⇝ Quanto eu já corri? Eu não sei, só sei que chega uma hora em que eu bato a cabeça e não vejo mais nada, só uma imensidão preta.

⇝ Nota final do Cap 9: Sim, esse Cap foi um pouco mais longo para recompensar vocês da curiosidade desse final. Espero que tenham gostado! A partir desse Cap, colocarei notas finais.

⇝ Anteriormente em Cleire Redmor: Eu chego a base nordestina sem muitos problemas ou interrupções. Quando avisto minha família acorrentada a uma árvore, me esqueiro para trás de uma pedra enorme. Fico na companhia de um cão de guarda. Daí ele quase come minha cara e eu tenho que fugir. Então desmaio após o milésimo tombo em minha fuga.

⇝ Abro os olhos e percebo que estou deitada em um tipo de cobertor. Isso quer dizer que não estou na base. E se já é dia, pelo que a luz no aposento indica… também quer dizer que a transferência já aconteceu, eu perdi minha chance.

⇝ Olho em volta: parece que estou em uma caverna rasa, que por sinal é na floresta. Pouca luz entra. Apalpo o lado e sinto uma coisa familiar: a ponta de uma das minhas flechas. Apalpo mais ao lado e também reconheço meu arco e minha espada. A mochila está ao lado de tudo.

⇝ Tento me levantar e sinto um agulhaço na cabeça. Então é isso, estou realmente estou com um machucado. Tento novamente e dou um gemidinho quando finalmente consigo me sentar e depois ficar de pé.

⇝ Seja quem for que me tirou do caminho dos soldados, fez isso por um motivo, um interesse. Em Newmount tudo tem motivo. Como eu com certeza não quero ser usada por um safado, logo pego meu arco e flechas. Não pego mais nada até o momento, o arco e flechas já será suficiente.

⇝ Saio da caverna com passos vacilantes, os quais quero transformar em firmes. Fora da caverna há um pequeno riacho. Há também o equipamento de alguém que deve ser habilidoso com a espada, já que tem uma. Uma voz ao meu lado me assusta e eu viro minha flecha em sua direção:

- Finalmente acordou, Bela Adormecida.

⇝ A quem estou apontando a flecha é um garoto talvez um pouco mais velho que eu. Seus olhos são profundos em um castanho escuro, o cabelo é desleixado, mas bonito, cor de carvão. Ele está com um sorrisinho no rosto que quase é irônico. Tem uma caça na mão que ficaria mais do que boa assada em uma fogueira:

- Não sabia que a Bela Adormecida tinha um arco.
- Eu sabia. Aliás, quero seu agradecimento por ter te salvado.
- OBRIGADA, agora quero pegar minhas coisas e ir embora.
- Você não sabe quem eu sou não é mesmo?
- Você é um safado que me salvou para depois se aproveitar de mim sem saber que sei usar muito bem um arco?
- Não, eu morava no mesmo vilarejo que você. E sei quem você é, senhorita Redmor.

⇝ Nota final do Cap 10: Saciaram a curiosidade? Eu sei que maioria quer saber a continuação desse diálogo! Calma, calma. Amanhã ou até mesmo hoje a noite eu posto! Espero que tenham gostado.

⇝ Anteriormente em Cleire Redmor: Após minha fuga mais do que ridícula, eu dou um jeito ainda de cair, bater a cabeça e desmaiar. Ao acordar me encontro em uma caverna rasa na floresta. Após sair dela dou de cara com um garoto não muito mais velho que eu que diz ter me salvado e também que era do meu vilarejo.

⇝ Fico meio sem jeito, abaixo o arco, mas não a guarda.

- O que aconteceu ontem?
- Os soldados te perseguiram fazendo muito barulho, tanto que eu ouvi. Então fui ver o que era e cheguei bem na hora de ver você cair aquele tombo épico. Daí te trouxe até aqui, e cuidei do seu corte na cabeça. Também estou atrás dos meus irmãos, mas não fui tolo de ir lá de dia.
- A questão foi que eles têm um cão de guarda!
- Nem tente se explicar. A questão é que você está fraca. Se quiser ir embora... azar o seu.
- Tudo bem...

⇝ Ele dá um sorrisinho que eu não sei o motivo e olho para baixo: estou com minha camisa branca que vai até minha cintura e o shortinho que uso por baixo da calça que serviria de pijama em tempos normais. Mais nada. Então o garoto vai pegar meu colete de couro marrom, calça de montaria e botas de um fio sustentado por uma taquara que eu não havia percebido estar ali.

⇝ Ele me entrega minhas roupas que já haviam secado. Sim me surpreendi por ele ter lavado elas – que estavam imundas –e vou até a caverna vesti-las. Acho minha capa lá. Quando saio para fora ele me olha e sorri:

- Bem melhor.

⇝ Ele fez uma pequena fogueira e já começou a assar a caça. Reconheço como um coelho. Faz um bom tempo que eu não como carne fresca. Então automaticamente cravo os dentre na cocha que me é oferecida. Também colaboro com frutinhas e o resto do pão que tinha na mochila. É melhor que nada.

- Qual é o seu nome?
- Não sabia que eu existia, não é?
- Desculpe, mas não.
- Meu nome é John, moro do outro lado do vilarejo. Ou melhor, morava.
- Como você me conhece então?
- Você pode não saber, mas... todo mundo de lá sabe quem você é. Você é conhecida por que é a única garota que sai pela floresta caçando, e que sabe usar um arco enquanto as outras da sua idade estão fazendo crochê com as mães.
- Vamos se dizer que eu fui criada um pouco diferente. Meu pai e meu vô me ensinaram bons truques.

⇝ Nota final do Cap 11: Esclareci um pouco de dúvidas hoje!!! Espero que vocês estejam curtindo, por que fiquei muitas madrugadas escrevendo essa história. Eu fico emocionada quando vocês dizem que querem mais, ou que estão gostam, isso que nos dá gosto de escrever. Obrigada.

⇝ Anterior em Cleire Redmor: Nós chegamos ao acampamento base, mas temos uma má noticia: vão transportar por carroças os reféns para uma base perto do castelo e fazer uma segunda oferta de execução ou feudo. Teremos que tentar mais um resgate. Seguimos ao lado da estrada.

⇝ Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente podemos sair daquele arbusto, já que os arqueiros desceram das árvores para irem junto às carroças. Seguimos um caminho um pouco longe da estrada, para não sermos vistos indesejadamente.

⇝ Chegamos até uma ponte de pedra aonde o riacho fica bem fundo. Quando começamos a atravessar escuto um ruído e em seguida a ponte começa a tremer. Apenas há tempo de eu ver o chão rachando e caindo embaixo de mim. Então sinto uma mão forte pegando a minha. John me segurou.

- Aguenta, eu vou te puxar!

⇝ Minha mão escorrega da dele e eu solto um grito. Sigo o curso do rio, indo veloz, me levando para o leste. Tento ao máximo ficar com a cabeça para fora d'água, mas é complicado. Consigo perceber uma coisa escura à frente. Há um tronco caído fazendo uma ponte improvisada sobre o riacho. Quando chega a hora certa eu colido com ele a toda força e me agarro.

⇝ Vou indo para o lado seguindo pelo tronco até conseguir subir em terra. Estou totalmente ensopada, mas fora isso, estou bem. Dou umas tossedinhas e corro tentando achar o caminho de volta para a ponte. Chegando lá, só encontro mais floresta, sem sinal de John. Droga!!! Droga! Ele não vai conseguir atravessar por aqui, então deve ter ido procurar outro caminho, também na esperança de me encontrar.

⇝ Eu tenho que seguir em frente. As chances de eu encontrá-lo são de uma a um milhão. Ele pode ter ido por qualquer direção, com qualquer plano. Sinto um aperto no coração. Ele havia ser tornado meu amigo. Insatisfeita comigo mesma sigo meu caminho.

⇝ Uma solidão se instalou em mim enquanto eu seguia para o noroeste. Consigo ouvir vislumbres de vozes na direção da estrada, sinalizando que estou indo pelo caminho certo. Muito tempo depois, eu estou exausta. Caminhei o dia inteiro para chegar até a base, e o céu está bem alaranjado. Sei que amanhã meus pais e Teddy podem ser decapitados, então terei que salvá-los esta noite ou no máximo dos máximos de manhã. Escuto barulho de passos e aponto uma flecha em sua direção. Não é um guarda... ele tem o brasão real bordado na manga da camisa abaixo da malha de ferro?

⇝ Me escondo atrás de uma árvore e grito:

- Pare ou eu mato você com a minha flecha!

⇝ Nota final do Cap 14: Bem! Que cap louco hein! A pessoa cai da ponte (banner). Bem, eu espero que vocês tenham sentido pelo menos um cutuque no estômago com esse ep que eu achei um pouco, diferente. E aliás, quem será que é esse misterioso caminhante na floresta? FIQUEM NA EXPECTATIVE. Beijos, beijos!

⇝ Anteriormente em Cleire Redmor: Tomo um susto quando penso que Ed só concordou em me ajudar para simplesmente me usar. Sorte que o que eu achei estava errado. Ele me dá um uniforme e eu me disfarço. Espero que isso dê certo. A terceira tentativa é a da sorte.

⇝ Saímos pelo lado de trás da tenda e seguimos até a área dos prisioneiros. A base está muito diferente do que eu me lembrava - muito maior e mais movimentada. A área é enorme, em uma lombada que eu não havia percebido. É uma espécie de buraco, um buraco natural. Nos param, mas depois de reconhecerem Edward, não fazem perguntas.

⇝ Logo que entro sinto um vazio. Há tantas pessoas famintas, machucadas, chorando... olho em volta e encontro minha família. Eles não me reconhecem até eu estar perto o bastante para cochichar.

- Teddy, sou eu. Sou eu, Cleire. Estou aqui.

⇝ Um olhar marejado substitui o olhar de medo de Teddy. Ele me abraça com força, mesmo um pouco abatido. Meus pais também me abraçam e começam a chorar. Ed se aproxima e fala para mim:

- Hora de agir.

⇝ Explico rapidamente o plano para meus pais e nos retiramos dali antes que alguém de lá entendesse qualquer coisa. Claro que eu queria salvar todo mundo, mas para mim, isso era impossível. Saindo por uma parte um pouco oculta, onde havia um guarda que Ed distraiu, corremos para a floresta e eu tiro aquele capacete que me sufoca. Ed chega atrás de nós e então assente. Conseguimos.

- Obrigada Ed. Muito obrigada. Boa sorte com seu pai.
- Se cuidem.

⇝ Ao longe ouvimos um grito:

- O príncipe sumiu!

⇝ Dou um beijo no rosto dele, recoloco o capacete e eu e minha família começamos a correr. Não há ninguém nos perseguindo. Só o som dos grilos.

⇝ Então alguém me puxa e coloca a espada na minha garganta.

⇝ Nota final do Cap 17: Desculpem por eu ter ficado tanto tempo sem postar! Mas acho que apesar desse cap ter ficado um pouco pequeno, teve finalmente um sucesso! E um final que deixou na expectative! Desculpe, mas quero deixar vocês curiosos! Bem, muitos beijos e feliz Natal!