Romance de Georges Perec que não usa a letra E ganha tradução no Brasil |
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Na Praça Saint-Sulpice, em Paris, há uma placa em homenagem a um frequentador ilustre: “Praça G_org_s P_r_c”. As lacunas no nome são uma referência gaiata a um dos principais livros do escritor francês Georges Perec, “O sumiço”, um romance de quase 300 páginas no qual não se usa nem uma vez a letra E. “O sumiço” segue a regra do “lipograma”, texto no qual se omite uma ou mais letras. A restrição ao E criou um desafio para o tradutor brasileiro desde o título: a versão literal do original “La disparition” seria “O desaparecimento”. Zéfere não pôde usar elementos básicos da língua, como a conjunção “e”, as preposições “de” e “em” ou os pronomes “ele”, “ela” e “você” (leia trecho abaixo). Perec era apaixonado por jogos verbais. Criava palavras cruzadas para revistas de Paris e é autor do maior palíndromo (texto que pode ser lido de trás para frente) da língua francesa, com 1.247 palavras. Já tinha lançado três romances quando juntou-se ao grupo Oulipo, criado em 1960. Lá teve a influência de Raymond Queneau, referência da literatura experimental, autor de “Exercícios de estilo” (1949), livro que conta a mesma história, sobre uma discussão em um ônibus parisiense, de 99 maneiras diferentes. Nas explorações formais de Perec, a letra E tinha um curioso lugar de destaque. Três anos depois de “O sumiço”, publicou um romance no qual ela é a única vogal: “Les revenentes”. Em 1975, lançou “W, ou a memória da infância”, misto de ficção e autobiografia em que relembra traumas de sua família, de origem judaica: o pai foi morto em combate na Segunda Guerra e a mãe morreu no campo de concentração de Auschwitz. A dedicatória do livro —“para E” — tem em francês o mesmo som da expressão “para eles”. Críticos já notaram também que o som do E em francês lembra a expressão hebraica para “força vital”. — Perec e os oulipianos intimidam um pouco a nós tradutores. Boris Schnaiderman diz que a tradução é um “ato desmedido”: quem somos nós para traduzir Tolstoi ou Shakespeare? No caso do Oulipo, ainda existe a dificuldade das regras formais. Mas alguém tem que tentar. Um trecho da obra: Aí, tão acordado quanto um indivíduo após dormir um bocado, saía da cama, andava, tomava algo, sondava a madrugada, lia, ligava o rádio. Dia ou outro, colocava uma roupa, ia para a rua, vagava, passava a madrugada num bar, ou num dancing, ou, dirigindo (muito mal), dava voltas com o carro, ao acaso, virando aqui, ali, a gosto da inspiração; rumo a Chantilly ou Aulnay-sous-Bois, a Limours ou Rancy, a Dourdan, a Orly. Numa das madrugadas, alcançou Saint-Malo, passou um tríduo por lá, mas não dormiu um só minuto. Fonte Dernière modification le 1456599600000 |
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isso é mt legal |
Ebanyle « Citoyen » 1456599840000
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caralho UHAUEUAHUEUAEHUAHUEUHAHUE pior que pelo menos esse trecho de tradução ficou bem gostoso de ler |
Megakeijo « Citoyen » 1456662900000
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mano do céu |
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O cara é um mito |
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ita lgl |
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Muito importante vc falar sobre isso as pessoas n sabem o tal motivo de ser |
Pandoraa « Citoyen » 1541193540000
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