[Concurso] Que Belo Dia! |
Zarphis « Censeur » 1515636240000
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Sejam bem-vindos a essa festa de bugs mentais que vai ser o meu texto para o Concurso. Note que, se lerem qualquer aba antes da aba do Texto, vocês podem ter alguns spoilers. Alguns? Talvez seja tudo spoilado. Eu vou fazer algo bem diferenciado, também. Eu estou escrevendo isso, agora, antes mesmo de escrever o meu texto. Eu vou colocar, na aba final, anotações que eu mesmo faço enquanto escrevo. Só pra dar um pouco mais de interatividade sobre como essa coisa vai funcionar. Prompt Eu vou usar todos os 5. Não para tentar dar uma de showoff ou tentar pegar uns pontinhos extras, mas pra ver os limites da minha própria imaginação. Boa sorte pra quem vai ler, e boa sorte pra mim, também, já que eu que vou escrever essa festa. ➣ Você chega em casa após uma cansativa noite de trabalho. Há um casal lá, que estranha sua presença e pergunta como você conseguiu entrar na casa deles. ➣ Você é um assassino de aluguel. Um dia, enquanto cumpria mais um de seus contratos, você percebe que está mirando para alguém exatamente igual a você. ➣ Descreva a vida de um prisioneiro em um presídio que não possui nenhum guarda, mas que mesmo assim nunca registrou uma única fuga em sua longa história de existência. ➣ Você acorda em um lugar desconhecido com uma tatuagem estranha em seu braço. ➣ Você espera pelo trem, que está quase chegando. Um homem pega seu braço, te entrega um celular tocando e se joga nos trilhos. Bem, estejam preparados. Faz tempo que não escrevo algo decente, então preparem bem o cérebro enquanto eu mesmo começo a pensar sobre como eu faço essas coisas. PS. Pra manter um traço mental de onde cada uma das anotações fica, eu vou colocar * para onde uma anotação aparecer. Se você quiser ver essa anotação, é só ir pra aba "anotações" e procurar o Spoiler que tem a quantidade correspondente de asteriscos. PS2. Yudi. PS3. O Autor recomenda a leitura no celular. Pode ser um pouco menos maçante que no computador, pela diminuição da overdose de textos. Com Itálico — Atenção, por favor, todos vocês podem acordar agora. * Diego Ramirez era um cidadão comum, até 3 semanas antes desse exato momento. Caucasiano, 1 metro e 70, barba bem-feita, que anda com roupas de marca, em pleno auge de seus 20 e poucos anos. Ele, que tinha uma família para sustentar, acabou se envolvendo com as pessoas erradas quando descobriu que não iria conseguir pagar o aluguel nesse mês. Seus novos "amigos" haviam feito uma oferta: Dinheiro fácil, e tudo que era necessário era a cooperação dele. Ele, enquanto aceitava a proposta, considerou que talvez isso fosse fácil demais. E, realmente, não foi "fácil demais". Ele, Diego Ramirez, junto com outros 3 bandidos, assaltaram um banco. O grupo só tinha 3 armas: Diogo se recusou a apontar uma arma para um inocente. Ele só estava ali porque sua família precisava que ele fizesse isso, e, para ele, um Banco ia machucar menos pessoas que qualquer outro lugar. Apenas pegar o dinheiro e sair, era o plano. Mas os planos nunca dão certo. Primeiro, um dos bandidos acabou atirando "acidentalmente" contra o Gerente do banco, que insistia em ficar fazendo comentários sobre como ele não podia morrer ali porque a vida dele valia mais do que a vida de qualquer outra pessoa ali. Isso acabou matando ele na hora, e adicionando "Homicídio" na ficha de Diego Ramirez. Não demorou muito para a polícia chegar, e prender os 3. Diego não havia feito nada, quase literalmente nada, e ainda assim foi preso. Então, ele havia recorrido a um Advogado. Contando sua história, o Advogado Federal chegou a um veredito: O caso realmente valia um julgamento. O problema, é que Diego dormiu aquela noite na cela da delegacia, e acordou em um local totalmente diferente. Bem, vamos continuar com a história, sim? Diego se levantou, atordoado. A dor de cabeça era pior do que tomar um coquetel Mexicano na noite das Paellas. O seu senso de equilíbrio era quase tão existente quanto a honestidade no Governo, então ele se apoiou na parede. A parede era áspera, cinza, como se fosse concreto bruto. O ar era frio, não lembrava o ar livre, que inclusive estaria consideravelmente quente pra essa época do ano. — Vamos, não queremos que isso demore pra vocês. ** Ele franziu o cenho. Havia certeza que a voz que falava no que parecia ser megafones escondidos havia dito "vocês". Ele deu uma olhada ao redor, e encontrou outras pessoas. Pelo menos 19, pelo que a mente dele consegue contar nesse infortuno momento. Todos eles usavam roupas casuais, enquanto tinham casacos do tipo "escolar americano" perto. Cada um tinha um sobrenome, e um número, como é normal nas escolas. Após uma análise melhor do local, ele notou que ele também estava usando roupas que não pareciam ser suas, além de também ter um casaco. Número "17", nome "Ramirez". Estava um pouco frio naquele ambiente, então ele não pensou muito antes de colocar o casaco. — Onde... Estamos? — ele falou, com uma voz levemente rouca. Parecia que não havia tomado uma gota de água sequer fazia dias, embora a última lembrança que ele tivesse antes de dormir era de beber água. Ironias do destino, agora ele se sentia como uma daquelas pessoas que não tinham água nas suas casas. — Ah, essa é uma ótima pergunta, meu jovem — a voz respondeu novamente — Eu até poderia responder para você, mas é melhor esperar que todos os preguiçosos ali acordem. Ah, espero que goste da nossa hospitalidade. Demos um bom jeito no seu visual antiquado. Ele não sabia se, nesse momento, se sentia agradecido, confuso, ofendido ou simplesmente indiferente. Ele disse que havia dado um bom jeito no visual, então, por decisão própria, decidiu dar uma olhada melhor no próprio visual enquanto esperava que os outros se levantassem. Diego, que costumava vestir a primeira roupa que achava no armário, se sentia um tanto quanto estiloso. Ele estava usando, por baixo do casaco, uma camiseta polo de marca, cuja textura era estupidamente boa. Mais pra baixo, jeans cinzas com os joelhos rasgados, e um desgaste na parte frontal que dava pra ver de longe. Nos pés, um All-Stars preto. *** Ele se sentia em um daqueles filmes de escola dos anos 90. Algo o incomodava, porém. Seu braço estava entre "arder", "coçar" e "querer irritar". Ele não havia prestado atenção na própria pele antes de por o casaco, o que foi uma falha própria. Se tivesse um ferimento aberto e encostado uma dessas roupas no ferimento, é possível que a sujeira acarretasse na dita cuja voz não sendo mais tão hospedeira assim. Tendo isso em mente, ele retirou o casaco, e, novamente, não sabia exatamente o que sentir quanto à situação. Tinha uma tatuagem. Diego nunca foi um cara de fazer tatuagens, cortes de cabelo rebeldes. Na sua adolescência provavelmente tinha considerado tatuar uma Águia nas suas costas em algum momento, mas nunca chegou a colocar esse plano em prática por ter um horror à dor que poderia vir com ela, e a necessidade de ter que repassar a tinta, esse tipo de coisa. E agora, ali estava ele, diante de uma tatuagem que ele não sabia o significado. Parecia que espinhos tinham se enrolado no braço dele, fazendo um desenho do tipo tribal que ao mesmo tempo parecia doloroso e, de alguma forma, "vaidoso". Antes que pudesse se perguntar mais qualquer coisa daquela situação confusa, a voz novamente se mostrou presente. — Muito bem, vejo que vocês todos estão acordados. Se pudessem fazer uma fila indiana pela ordem dos casacos, eu agradeceria bastante. "Bem, isso deve ser uma ordem", ele pensou. Ainda se apoiando na parede, Diego tentou se aproximar os outros, que pareciam igualmente atordoados, se não mais. Depois de 5 minutos de uma aparente luta de bêbados tentando ficar de pé, uma fila finalmente foi feita. Por volta de 4 minutos e 30 segundos foram só tentando organizar aquela fila em uma ordem, considerando a ressaca generalizada que havia se disseminado ali, em conjunto com a necessidade de ver o número nas próprias costas e ver quem tá na frente e quem tá atrás. — Agora, tem um corredor ali na frente, sim? Vocês vão sair por ele, e então vai ter alguns livros que vocês vão ler. O primeiro da fila parecia estar dormindo de pé, então o segundo tentar andar pra frente resultou em quase um efeito dominó humano de pessoas caindo uma em cima da outra. A única pessoa que impediu isso de acontecer em grande escala foi o número 7, que aparentemente é um Bodybuilder. Mais 4 minutos arrumando a fila até que ela pudesse se mover uniformemente na direção do corredor. Assim que a número 20 passou pela entrada do corredor, as portas deste se fecharam atrás. — Bem, não há volta agora — o número 9 disse, com uma risada nervosa, e o resto da fila mandou um sonoro "Shhhhhhhhhhh". Diego jura que ouviu risadas de fundo em algum lugar, mas não sabe dizer direito de onde. Assim se passaram mais 5 minutos: Andando em linha reta em um corredor totalmente branco. O chão era um espelho, assim como o teto, e as duas paredes laterais eram brancas. A ilusão de ótica era legal, mas o que não era legal? O fato de que alguém ali, provavelmente claustrofóbico, vai ter problemas mais tarde com isso. — Tem uma porta ali — o número 1 falou, lá da frente, enquanto diminuía o passo da fila. — Muito bem! — a voz disse, de forma animada — Quer dizer que você não é cego. Vamos, abra logo. O cara, um tanto quanto embaraçado pela situação que acabou de passar, abriu a porta. Que estranhamente dava pra uma espécie de sala de estar para 40 pessoas. Havia uma grande mesa central, mais ou menos na altura dos joelhos de uma pessoa com altura normal, e nessa mesa haviam livros. — Vamos, leiam os livros. Um a um, os integrantes da fila foram se sentando naqueles sofás, que aparentemente são feitos de pedra com alguma espuma pra estofado mediana, e abriram os livros. Diego ficou um pouco "tilted" pela capa. "Você está preso! Mas não é em qualquer lugar...", era o nome da capa do livro. Ele olhou ao redor, e viu 3 ou 4 pessoas fazendo a mesma coisa, mas prosseguiu em ler. Aparentemente, o livro todo era um manual de instruções de como seguir uma ideia de rotina. Não havia rotina exata, a única coisa da rotina é que não podia "sair dessa casa". Não haviam guardas, mas todos que estavam ali não eram capazes de fugir sem ferir a própria moral, pelo que dizia o livro. "Vocês até podem fugir, mas, se vocês não cometeram nenhum crime, por que fugiriam?", o livro perguntou. A resposta não veio na hora, mas ninguém pareceu reclamar. — Muito bem. Vendo que vocês todos são leitores natos, assim, eu dou as boas vindas para a "Prisão Gandhi para Inocentes". Não fui eu que vim com o nome, não me perguntem sobre isso. Eu sou o Interlocutor, o cara que vai anunciar eventos dentro da prisão. Vou voltar pra falar com vocês amanhã. Se estabeleçam até lá, certo? O grupo todo acabou concordando com a cabeça hora ou outra. "O Interlocutor", como ele parecia se chamar, havia se desconectado, já que ele não havia feito uma piada irônica com o fato de que o número 9 tava com o queixo mais ou menos na altura do joelho. Diego se levantou, guardando o livro entre o cinto e sua cintura, e saiu pra explorar o local. A ideia de Rotina sugeria que agora fosse o almoço, mas ele não estava com fome. Então, ele, junto com outros 18 números (A número 14 é a lendária pessoa que come e não engorda nada), foram para os dormitórios, onde acabaram se dividindo de alguma forma. E então, todos foram dormir. O resto do dia foi o mais normal possível para o local. As pessoas começaram a se conhecer, contar histórias do que fez elas pararem ali. Até rolou aquela lendária partida de Uno, onde amizades recém-feitas foram quebradas por "+4s". Mas, realmente, leitor, há como narrar a rotina de um local sem rotina? Até a meia-noite, o grupo acabou se confraternizando. Essa parecia ser a preocupação geral agora: Se eles estavam presos naquele local, não ia ser sozinhos. Precisavam de amigos, para o próprio bem mental, ou para o próprio bem mental do local. Seria malefício para todos se alguém ali ficasse insano e saísse matando todo mundo. **** No final, os 2 anos provavelmente seriam moldados entre relações interpessoais ali dentro, enquanto alguns procurariam formas de fugir sem serem notados, e outros procurariam se acomodar como possível. Afinal, podiam estar em situações piores, como juntando o sabonete que caiu no chão. — Muito boa, Bill — Jenkins estava rindo do final. Me perguntei o motivo, enquanto recostava na cadeira da central de controle — Sua voz deixa as coisas por volta de 10 vezes mais cômica. — Vai ver, Jenkins, que é por isso que eu sou o Interlocutor, e não você — dei de ombros e me levantei da cadeira — Fique de olho nos estoques de comida, o FBI não gostaria das despesas alimentares aumentando. — Acredita mesmo que aquela mulher é comilona a esse ponto? — Enquanto nós falamos agora, ela tá terminando com os estoques de bolo. Jenkins deu uma olhada em um dos painéis, e em seguida em uma câmera escondida, e acabou espantado ao ver que por volta de metade do estoque havia sumido em 3 minutos. — Bem, uh, vou ter que falar isso aqui com o diretor. Valeu por avisar. — Já tive parceiros piores, não ia querer acabar com um daqueles outra vez — saí pela porta, diretamente pra um corredor de escritório, enquanto arrumava meus óculos escuros e colocava um dos fones de ouvido. Tudo ao mesmo tempo. Tudo em prol do Dinamismo jovem. ***** Depois de andar pelos corredores da Agência, me dirigi até a estação de Trem. São 4 paradas até a minha casa, e são 7:30 PM. Não é um horário de pico ainda, mas não é um dos melhores. Só que, estranhamente, parecia um pouco mais vazia que o normal. Ah, sim, tem o Festival Chinês no bairro vizinho. É lá que todos estão indo pra jantar. Descendo escadas, passando por catracas, subindo escadas, passando por mais catracas. Assim que esse loop entediante acabou, eu me via na frente da ferroviária, esperando o metrô que fosse pro lado Norte. Afinal, minha casa fica no bairro de Santa Morgana, e eu faço bico como Assassino de Aluguel do outro lado. Ah, não contei essa parte, já que a minha própria narrativa começou quase agorinha mesmo, certo? Então, o FBI não paga muito bem, e jogar tempo fora na minha casa ou em hobbies não é muito minha praia, considerando a situação econômica do país. Bem, se eu não fizesse isso, é provável que eu acabasse no lugar de Diego Ramirez, e não é bem o que eu quero pra minha vida. Finalmente, o som das rodas do metrô passando pelo trilho metálico. A única coisa que não me agradou era um toque no ombro. Na hora que eu me virei para ver do que se tratava, já com o cotovelo pronto pra reagir a qualquer tentativa de agressão, a pessoa simplesmente enfiou um celular no meu bolso e se jogou nos trilhos. Eu tentei segurar ela antes que ela caísse, mas errei o "timing" por algumas frações de segundo. Então, recuei, para não ver o estrago que ia ser causado. A esse ponto, não havia o que poderia ser feito pra salvar aquela pessoa. O que confirmou meu pensamento foi o som de algo que parecia com melancias sendo jogadas contra uma parede com bastante força. Não vou falar mais detalhes meramente porque é nojento de sequer se pensar nisso. Ao invés de pensar na pessoa que acabou de morrer, eu entrei no metrô, pegando o celular que foi colocado no meu bolso. Ele estava vibrando, provavelmente tocando. O motorista do metrô não notou que tinha acabado de atropelar um suicida, e, se notou, considerou a coisa mais normal do mundo. Essa estação é um ponto de suicídio conhecido, porque tem uma curva em "L" logo antes da parada onde as pessoas embarcam, então o motorista nunca consegue ver a pessoa até que seja tarde demais. O número no celular era salvo como "contato". Dei uma leve olhada ao redor, pra conferir que não havia ninguém suspeito. A não ser que a Facção Terrorista da 3ª Idade fosse uma ameaça ao mundo, os 4 idosos que estavam mais adiante do vagão não seriam problema. Assim, me sentei em um dos bancos do metrô e atendi. — Alô? — falei, mantendo a voz firme. Eu já estava acostumado com a morte, pelos 3 fatos. Já vi pessoas se suicidando nessas ferrovias, já matei pessoas antes, de ambas as formas, então pra mim não faz tanta diferença ver mais um. Só que, me entregar telefones? Essa é nova. — Bill Buckingham, estou certo? — uma voz masculina, rouca, falou meu nome completo do outro lado da linha. Bem, meu nome não é novidade pra qualquer um, já que a mídia guarda tanto segredo quanto uma porta sem tranca. — Sim, sou eu. O que te traz até mim? — Ouvi falar que você é bom. Tenho algumas instruções pra te dar. ****** Chegando no topo do prédio, eu finalmente coloquei minha maleta no chão e olhei os arredores. Esse era o prédio descrito pelo "Contato". Uma construção, nos subúrbios, abandonada, feita em meados de 1980. Eu tive alguns problemas pra subir aqui, mas mesmo assim, com perseverança, tudo se consegue. Me abaixei contra o chão da cobertura enquanto abria minha maleta e montava minha arma. Sabe como é a tecnologia nesses dias, certo? As armas podem até mesmo ser montadas por uma pessoa que não é especialista nisso. É assim que eu trabalho. Além de escolher somente os alvos que eu quiser atirar em, eu também posso montar minha arma como eu quiser. Nesse caso, eu preferi uma de Precisão simples, com um Scope (Acessório que lembra um telescópio, com uma mira no meio) de 32x, e, é claro, um silenciador bem potente. Depois de por volta de 2 minutos montando a arma, apreciei um pouco, como sempre, a potência bélica que essa arma tinha. Balas com calibre alto o suficiente pra ultrapassarem concreto sem perder potência antes da 3ª ou 4ª parede, mas que mesmo assim cabiam dentro de uma arma desse porte. Uma magnífica construção da Tecnologia, realmente. Preparei a mira e olhei pro céu, tentando localizar. Bem, ao oeste. Me virei ao oeste, já colocando o olho no Scope, quando eu dou de cara com... Outra pessoa. Mirando em mim. Isso não é bom, quer dizer que armaram uma emboscada pra mim. Isso realmente não é bom, de forma alguma ou de todas elas ao mesmo tempo. Essa figura parecia estar usando um terno, parecido com o que eu usava. Assim que eu me abaixei, essa pessoa se abaixou também. "Ah, deve ser um espelho." Me levantei novamente, e estendi a mão pro lado. A figura estendeu a mão pro lado também. É, deve ser um espelho. Dei um un-zoom básico no Scope, e então eu notei que não havia como ser um espelho. O céu não era o fundo, então, não, não era um espelho. Então, tem um atirador igual a mim mirando em mim. O que fazer no meio desse monte de "mim"? O meu primeiro reflexo foi atirar, e então a Física decidiu cometer um suicídio da forma mais grotesca possível. A outra pessoa atirou no mesmo momento que eu atirei. As duas balas provavelmente se chocaram no ar, o que explica o barulho de estalo que ocorreu no meio do ar antes de resquícios de metal saírem voando pros dois lados. Eu me abaixei e fiquei olhando, novamente, para aquela figura. Dessa vez ela não se abaixou. Demorou mais alguns segundos pra ele se abaixar, assim como eu estou nesse exato momento. Ah, quer saber, dane-se esse trabalho. Eu não quero criar um buraco negro. Demorou algum tempo pra eu chegar em casa sem que eu aparecesse em público novamente. Não podia me arriscar. Quase certeza que esse alguém que eu era suposto a atirar em era outro atirador de elite, mas... Aquilo não pareceu uma coincidência para mim. Coincidências assim não ocorrem na vida real, só em filmes. Bem, não demorou muito pra chegar na frente da minha casa. Um sobrado normal nos subúrbios, só que nos subúrbios da cidade vizinha. Minha casa tinha 2 andares. Era pintada em uma espécie de verde-floresta, o que fazia contraste com as cores aparentemente aleatórias que eram, como bege, marrom, vermelho, rosa, laranja, que formavam um arco-íris para daltônicos. Assim que cheguei na minha porta, eu já sabia que hoje de noite eu provavelmente ia comer "Miojo" novamente, o que é triste. Assim que fui abrir a porta, notei que ela estava trancada. E eu não tinha a minha chave comigo. O lendário caso de trancar o carro com a chave dentro. Fui dar uma olhada na janela, pra ver se estava aberta. Ela estava, sim, aberta. E com as luzes ligadas. Depois de uma leve espiada, eu vi... Gente ali. E os móveis não eram os meus. Antes de qualquer coisa, eu realmente fui ver se era meu número. Sim, era. 1739, Mortland's Avenue. Bem, eu pulei a janela, olhando o lado de dentro. Aquela claramente era minha casa. Tinha até a mesma marca na parede que eu acabei fazendo sem querer quando fui pendurar um quadro e martelei um pouco forte demais. — Olá...? — falei. A mulher tinha ido no banheiro, e o homem, que estava sentado em um sofá olhando TV, olhou na minha direção. Aparente surpresa, pelo jeito. — Ei, você... Por que você entrou aqui? Sabe que isso é invasão domiciliar, certo...? — o cara foi tentar buscar algo pra jogar em mim, provavelmente, mas eu fiz questão de tirar meu distintivo antes. — Eu sou um Federal, calma aí. Eu só gostaria de saber o que vocês estão fazendo aqui, porque, até onde eu saiba, eu que morava aqui. O cara acalmou um pouco, mas a expressão confusa não saiu da face dele. — Não, senhor... Eu moro aqui com minha Esposa faz um tempo já. Essa casa é nossa, tenho até o contrato com o dono do condomínio ali. — Não, eu não duvido de vocês, calma — meio sem jeito, troquei a maleta de mão — Eu vou lá ver com ele o que é essa confusão. Só agradeceria se você abrisse a porta, pra eu não pular a janela pra sair. — A-Ah, imagina, sem problemas — ele foi lá abrir a porta, apressado até. Creio que o distintivo teve um efeito moral maior do que eu esperava. Assim que eu saí da minha casa (Ou ex-casa, como preferir chamar), eu me dirigi até a casa do dono do condomínio. Depois de bater na porta, eu conversei alguns minutos com ele, só pra descobrir que eu fui despejado por não pagar a conta de Novembro de 2013, e ela vencia de forma absoluta ontem. Faz sentido, já que eu dormi em um hotel ontem. Que belo dia esse. Sem Itálico — Atenção, por favor, todos vocês podem acordar agora. * Diego Ramirez era um cidadão comum, até 3 semanas antes desse exato momento. Caucasiano, 1 metro e 70, barba bem-feita, que anda com roupas de marca, em pleno auge de seus 20 e poucos anos. Ele, que tinha uma família para sustentar, acabou se envolvendo com as pessoas erradas quando descobriu que não iria conseguir pagar o aluguel nesse mês. Seus novos "amigos" haviam feito uma oferta: Dinheiro fácil, e tudo que era necessário era a cooperação dele. Ele, enquanto aceitava a proposta, considerou que talvez isso fosse fácil demais. E, realmente, não foi "fácil demais". Ele, Diego Ramirez, junto com outros 3 bandidos, assaltaram um banco. O grupo só tinha 3 armas: Diogo se recusou a apontar uma arma para um inocente. Ele só estava ali porque sua família precisava que ele fizesse isso, e, para ele, um Banco ia machucar menos pessoas que qualquer outro lugar. Apenas pegar o dinheiro e sair, era o plano. Mas os planos nunca dão certo. Primeiro, um dos bandidos acabou atirando "acidentalmente" contra o Gerente do banco, que insistia em ficar fazendo comentários sobre como ele não podia morrer ali porque a vida dele valia mais do que a vida de qualquer outra pessoa ali. Isso acabou matando ele na hora, e adicionando "Homicídio" na ficha de Diego Ramirez. Não demorou muito para a polícia chegar, e prender os 3. Diego não havia feito nada, quase literalmente nada, e ainda assim foi preso. Então, ele havia recorrido a um Advogado. Contando sua história, o Advogado Federal chegou a um veredito: O caso realmente valia um julgamento. O problema, é que Diego dormiu aquela noite na cela da delegacia, e acordou em um local totalmente diferente. Bem, vamos continuar com a história, sim? Diego se levantou, atordoado. A dor de cabeça era pior do que tomar um coquetel Mexicano na noite das Paellas. O seu senso de equilíbrio era quase tão existente quanto a honestidade no Governo, então ele se apoiou na parede. A parede era áspera, cinza, como se fosse concreto bruto. O ar era frio, não lembrava o ar livre, que inclusive estaria consideravelmente quente pra essa época do ano. — Vamos, não queremos que isso demore pra vocês. ** Ele franziu o cenho. Havia certeza que a voz que falava no que parecia ser megafones escondidos havia dito "vocês". Ele deu uma olhada ao redor, e encontrou outras pessoas. Pelo menos 19, pelo que a mente dele consegue contar nesse infortuno momento. Todos eles usavam roupas casuais, enquanto tinham casacos do tipo "escolar americano" perto. Cada um tinha um sobrenome, e um número, como é normal nas escolas. Após uma análise melhor do local, ele notou que ele também estava usando roupas que não pareciam ser suas, além de também ter um casaco. Número "17", nome "Ramirez". Estava um pouco frio naquele ambiente, então ele não pensou muito antes de colocar o casaco. — Onde... Estamos? — ele falou, com uma voz levemente rouca. Parecia que não havia tomado uma gota de água sequer fazia dias, embora a última lembrança que ele tivesse antes de dormir era de beber água. Ironias do destino, agora ele se sentia como uma daquelas pessoas que não tinham água nas suas casas. — Ah, essa é uma ótima pergunta, meu jovem — a voz respondeu novamente — Eu até poderia responder para você, mas é melhor esperar que todos os preguiçosos ali acordem. Ah, espero que goste da nossa hospitalidade. Demos um bom jeito no seu visual antiquado. Ele não sabia se, nesse momento, se sentia agradecido, confuso, ofendido ou simplesmente indiferente. Ele disse que havia dado um bom jeito no visual, então, por decisão própria, decidiu dar uma olhada melhor no próprio visual enquanto esperava que os outros se levantassem. Diego, que costumava vestir a primeira roupa que achava no armário, se sentia um tanto quanto estiloso. Ele estava usando, por baixo do casaco, uma camiseta polo de marca, cuja textura era estupidamente boa. Mais pra baixo, jeans cinzas com os joelhos rasgados, e um desgaste na parte frontal que dava pra ver de longe. Nos pés, um All-Stars preto. *** Ele se sentia em um daqueles filmes de escola dos anos 90. Algo o incomodava, porém. Seu braço estava entre "arder", "coçar" e "querer irritar". Ele não havia prestado atenção na própria pele antes de por o casaco, o que foi uma falha própria. Se tivesse um ferimento aberto e encostado uma dessas roupas no ferimento, é possível que a sujeira acarretasse na dita cuja voz não sendo mais tão hospedeira assim. Tendo isso em mente, ele retirou o casaco, e, novamente, não sabia exatamente o que sentir quanto à situação. Tinha uma tatuagem. Diego nunca foi um cara de fazer tatuagens, cortes de cabelo rebeldes. Na sua adolescência provavelmente tinha considerado tatuar uma Águia nas suas costas em algum momento, mas nunca chegou a colocar esse plano em prática por ter um horror à dor que poderia vir com ela, e a necessidade de ter que repassar a tinta, esse tipo de coisa. E agora, ali estava ele, diante de uma tatuagem que ele não sabia o significado. Parecia que espinhos tinham se enrolado no braço dele, fazendo um desenho do tipo tribal que ao mesmo tempo parecia doloroso e, de alguma forma, "vaidoso". Antes que pudesse se perguntar mais qualquer coisa daquela situação confusa, a voz novamente se mostrou presente. — Muito bem, vejo que vocês todos estão acordados. Se pudessem fazer uma fila indiana pela ordem dos casacos, eu agradeceria bastante. "Bem, isso deve ser uma ordem", ele pensou. Ainda se apoiando na parede, Diego tentou se aproximar os outros, que pareciam igualmente atordoados, se não mais. Depois de 5 minutos de uma aparente luta de bêbados tentando ficar de pé, uma fila finalmente foi feita. Por volta de 4 minutos e 30 segundos foram só tentando organizar aquela fila em uma ordem, considerando a ressaca generalizada que havia se disseminado ali, em conjunto com a necessidade de ver o número nas próprias costas e ver quem tá na frente e quem tá atrás. — Agora, tem um corredor ali na frente, sim? Vocês vão sair por ele, e então vai ter alguns livros que vocês vão ler. O primeiro da fila parecia estar dormindo de pé, então o segundo tentar andar pra frente resultou em quase um efeito dominó humano de pessoas caindo uma em cima da outra. A única pessoa que impediu isso de acontecer em grande escala foi o número 7, que aparentemente é um Bodybuilder. Mais 4 minutos arrumando a fila até que ela pudesse se mover uniformemente na direção do corredor. Assim que a número 20 passou pela entrada do corredor, as portas deste se fecharam atrás. — Bem, não há volta agora — o número 9 disse, com uma risada nervosa, e o resto da fila mandou um sonoro "Shhhhhhhhhhh". Diego jura que ouviu risadas de fundo em algum lugar, mas não sabe dizer direito de onde. Assim se passaram mais 5 minutos: Andando em linha reta em um corredor totalmente branco. O chão era um espelho, assim como o teto, e as duas paredes laterais eram brancas. A ilusão de ótica era legal, mas o que não era legal? O fato de que alguém ali, provavelmente claustrofóbico, vai ter problemas mais tarde com isso. — Tem uma porta ali — o número 1 falou, lá da frente, enquanto diminuía o passo da fila. — Muito bem! — a voz disse, de forma animada — Quer dizer que você não é cego. Vamos, abra logo. O cara, um tanto quanto embaraçado pela situação que acabou de passar, abriu a porta. Que estranhamente dava pra uma espécie de sala de estar para 40 pessoas. Havia uma grande mesa central, mais ou menos na altura dos joelhos de uma pessoa com altura normal, e nessa mesa haviam livros. — Vamos, leiam os livros. Um a um, os integrantes da fila foram se sentando naqueles sofás, que aparentemente são feitos de pedra com alguma espuma pra estofado mediana, e abriram os livros. Diego ficou um pouco "tilted" pela capa. "Você está preso! Mas não é em qualquer lugar...", era o nome da capa do livro. Ele olhou ao redor, e viu 3 ou 4 pessoas fazendo a mesma coisa, mas prosseguiu em ler. Aparentemente, o livro todo era um manual de instruções de como seguir uma ideia de rotina. Não havia rotina exata, a única coisa da rotina é que não podia "sair dessa casa". Não haviam guardas, mas todos que estavam ali não eram capazes de fugir sem ferir a própria moral, pelo que dizia o livro. "Vocês até podem fugir, mas, se vocês não cometeram nenhum crime, por que fugiriam?", o livro perguntou. A resposta não veio na hora, mas ninguém pareceu reclamar. — Muito bem. Vendo que vocês todos são leitores natos, assim, eu dou as boas vindas para a "Prisão Gandhi para Inocentes". Não fui eu que vim com o nome, não me perguntem sobre isso. Eu sou o Interlocutor, o cara que vai anunciar eventos dentro da prisão. Vou voltar pra falar com vocês amanhã. Se estabeleçam até lá, certo? O grupo todo acabou concordando com a cabeça hora ou outra. "O Interlocutor", como ele parecia se chamar, havia se desconectado, já que ele não havia feito uma piada irônica com o fato de que o número 9 tava com o queixo mais ou menos na altura do joelho. Diego se levantou, guardando o livro entre o cinto e sua cintura, e saiu pra explorar o local. A ideia de Rotina sugeria que agora fosse o almoço, mas ele não estava com fome. Então, ele, junto com outros 18 números (A número 14 é a lendária pessoa que come e não engorda nada), foram para os dormitórios, onde acabaram se dividindo de alguma forma. E então, todos foram dormir. O resto do dia foi o mais normal possível para o local. As pessoas começaram a se conhecer, contar histórias do que fez elas pararem ali. Até rolou aquela lendária partida de Uno, onde amizades recém-feitas foram quebradas por "+4s". Mas, realmente, leitor, há como narrar a rotina de um local sem rotina? Até a meia-noite, o grupo acabou se confraternizando. Essa parecia ser a preocupação geral agora: Se eles estavam presos naquele local, não ia ser sozinhos. Precisavam de amigos, para o próprio bem mental, ou para o próprio bem mental do local. Seria malefício para todos se alguém ali ficasse insano e saísse matando todo mundo. **** No final, os 2 anos provavelmente seriam moldados entre relações interpessoais ali dentro, enquanto alguns procurariam formas de fugir sem serem notados, e outros procurariam se acomodar como possível. Afinal, podiam estar em situações piores, como juntando o sabonete que caiu no chão. — Muito boa, Bill — Jenkins estava rindo do final. Me perguntei o motivo, enquanto recostava na cadeira da central de controle — Sua voz deixa as coisas por volta de 10 vezes mais cômica. — Vai ver, Jenkins, que é por isso que eu sou o Interlocutor, e não você — dei de ombros e me levantei da cadeira — Fique de olho nos estoques de comida, o FBI não gostaria das despesas alimentares aumentando. — Acredita mesmo que aquela mulher é comilona a esse ponto? — Enquanto nós falamos agora, ela tá terminando com os estoques de bolo. Jenkins deu uma olhada em um dos painéis, e em seguida em uma câmera escondida, e acabou espantado ao ver que por volta de metade do estoque havia sumido em 3 minutos. — Bem, uh, vou ter que falar isso aqui com o diretor. Valeu por avisar. — Já tive parceiros piores, não ia querer acabar com um daqueles outra vez — saí pela porta, diretamente pra um corredor de escritório, enquanto arrumava meus óculos escuros e colocava um dos fones de ouvido. Tudo ao mesmo tempo. Tudo em prol do Dinamismo jovem. ***** Depois de andar pelos corredores da Agência, me dirigi até a estação de Trem. São 4 paradas até a minha casa, e são 7:30 PM. Não é um horário de pico ainda, mas não é um dos melhores. Só que, estranhamente, parecia um pouco mais vazia que o normal. Ah, sim, tem o Festival Chinês no bairro vizinho. É lá que todos estão indo pra jantar. Descendo escadas, passando por catracas, subindo escadas, passando por mais catracas. Assim que esse loop entediante acabou, eu me via na frente da ferroviária, esperando o metrô que fosse pro lado Norte. Afinal, minha casa fica no bairro de Santa Morgana, e eu faço bico como Assassino de Aluguel do outro lado. Ah, não contei essa parte, já que a minha própria narrativa começou quase agorinha mesmo, certo? Então, o FBI não paga muito bem, e jogar tempo fora na minha casa ou em hobbies não é muito minha praia, considerando a situação econômica do país. Bem, se eu não fizesse isso, é provável que eu acabasse no lugar de Diego Ramirez, e não é bem o que eu quero pra minha vida. Finalmente, o som das rodas do metrô passando pelo trilho metálico. A única coisa que não me agradou era um toque no ombro. Na hora que eu me virei para ver do que se tratava, já com o cotovelo pronto pra reagir a qualquer tentativa de agressão, a pessoa simplesmente enfiou um celular no meu bolso e se jogou nos trilhos. Eu tentei segurar ela antes que ela caísse, mas errei o "timing" por algumas frações de segundo. Então, recuei, para não ver o estrago que ia ser causado. A esse ponto, não havia o que poderia ser feito pra salvar aquela pessoa. O que confirmou meu pensamento foi o som de algo que parecia com melancias sendo jogadas contra uma parede com bastante força. Não vou falar mais detalhes meramente porque é nojento de sequer se pensar nisso. Ao invés de pensar na pessoa que acabou de morrer, eu entrei no metrô, pegando o celular que foi colocado no meu bolso. Ele estava vibrando, provavelmente tocando. O motorista do metrô não notou que tinha acabado de atropelar um suicida, e, se notou, considerou a coisa mais normal do mundo. Essa estação é um ponto de suicídio conhecido, porque tem uma curva em "L" logo antes da parada onde as pessoas embarcam, então o motorista nunca consegue ver a pessoa até que seja tarde demais. O número no celular era salvo como "contato". Dei uma leve olhada ao redor, pra conferir que não havia ninguém suspeito. A não ser que a Facção Terrorista da 3ª Idade fosse uma ameaça ao mundo, os 4 idosos que estavam mais adiante do vagão não seriam problema. Assim, me sentei em um dos bancos do metrô e atendi. — Alô? — falei, mantendo a voz firme. Eu já estava acostumado com a morte, pelos 3 fatos. Já vi pessoas se suicidando nessas ferrovias, já matei pessoas antes, de ambas as formas, então pra mim não faz tanta diferença ver mais um. Só que, me entregar telefones? Essa é nova. — Bill Buckingham, estou certo? — uma voz masculina, rouca, falou meu nome completo do outro lado da linha. Bem, meu nome não é novidade pra qualquer um, já que a mídia guarda tanto segredo quanto uma porta sem tranca. — Sim, sou eu. O que te traz até mim? — Ouvi falar que você é bom. Tenho algumas instruções pra te dar. ****** Chegando no topo do prédio, eu finalmente coloquei minha maleta no chão e olhei os arredores. Esse era o prédio descrito pelo "Contato". Uma construção, nos subúrbios, abandonada, feita em meados de 1980. Eu tive alguns problemas pra subir aqui, mas mesmo assim, com perseverança, tudo se consegue. Me abaixei contra o chão da cobertura enquanto abria minha maleta e montava minha arma. Sabe como é a tecnologia nesses dias, certo? As armas podem até mesmo ser montadas por uma pessoa que não é especialista nisso. É assim que eu trabalho. Além de escolher somente os alvos que eu quiser atirar em, eu também posso montar minha arma como eu quiser. Nesse caso, eu preferi uma de Precisão simples, com um Scope (Acessório que lembra um telescópio, com uma mira no meio) de 32x, e, é claro, um silenciador bem potente. Depois de por volta de 2 minutos montando a arma, apreciei um pouco, como sempre, a potência bélica que essa arma tinha. Balas com calibre alto o suficiente pra ultrapassarem concreto sem perder potência antes da 3ª ou 4ª parede, mas que mesmo assim cabiam dentro de uma arma desse porte. Uma magnífica construção da Tecnologia, realmente. Preparei a mira e olhei pro céu, tentando localizar. Bem, ao oeste. Me virei ao oeste, já colocando o olho no Scope, quando eu dou de cara com... Outra pessoa. Mirando em mim. Isso não é bom, quer dizer que armaram uma emboscada pra mim. Isso realmente não é bom, de forma alguma ou de todas elas ao mesmo tempo. Essa figura parecia estar usando um terno, parecido com o que eu usava. Assim que eu me abaixei, essa pessoa se abaixou também. "Ah, deve ser um espelho." Me levantei novamente, e estendi a mão pro lado. A figura estendeu a mão pro lado também. É, deve ser um espelho. Dei um un-zoom básico no Scope, e então eu notei que não havia como ser um espelho. O céu não era o fundo, então, não, não era um espelho. Então, tem um atirador igual a mim mirando em mim. O que fazer no meio desse monte de "mim"? O meu primeiro reflexo foi atirar, e então a Física decidiu cometer um suicídio da forma mais grotesca possível. A outra pessoa atirou no mesmo momento que eu atirei. As duas balas provavelmente se chocaram no ar, o que explica o barulho de estalo que ocorreu no meio do ar antes de resquícios de metal saírem voando pros dois lados. Eu me abaixei e fiquei olhando, novamente, para aquela figura. Dessa vez ela não se abaixou. Demorou mais alguns segundos pra ele se abaixar, assim como eu estou nesse exato momento. Ah, quer saber, dane-se esse trabalho. Eu não quero criar um buraco negro. Demorou algum tempo pra eu chegar em casa sem que eu aparecesse em público novamente. Não podia me arriscar. Quase certeza que esse alguém que eu era suposto a atirar em era outro atirador de elite, mas... Aquilo não pareceu uma coincidência para mim. Coincidências assim não ocorrem na vida real, só em filmes. Bem, não demorou muito pra chegar na frente da minha casa. Um sobrado normal nos subúrbios, só que nos subúrbios da cidade vizinha. Minha casa tinha 2 andares. Era pintada em uma espécie de verde-floresta, o que fazia contraste com as cores aparentemente aleatórias que eram, como bege, marrom, vermelho, rosa, laranja, que formavam um arco-íris para daltônicos. Assim que cheguei na minha porta, eu já sabia que hoje de noite eu provavelmente ia comer "Miojo" novamente, o que é triste. Assim que fui abrir a porta, notei que ela estava trancada. E eu não tinha a minha chave comigo. O lendário caso de trancar o carro com a chave dentro. Fui dar uma olhada na janela, pra ver se estava aberta. Ela estava, sim, aberta. E com as luzes ligadas. Depois de uma leve espiada, eu vi... Gente ali. E os móveis não eram os meus. Antes de qualquer coisa, eu realmente fui ver se era meu número. Sim, era. 1739, Mortland's Avenue. Bem, eu pulei a janela, olhando o lado de dentro. Aquela claramente era minha casa. Tinha até a mesma marca na parede que eu acabei fazendo sem querer quando fui pendurar um quadro e martelei um pouco forte demais. — Olá...? — falei. A mulher tinha ido no banheiro, e o homem, que estava sentado em um sofá olhando TV, olhou na minha direção. Aparente surpresa, pelo jeito. — Ei, você... Por que você entrou aqui? Sabe que isso é invasão domiciliar, certo...? — o cara foi tentar buscar algo pra jogar em mim, provavelmente, mas eu fiz questão de tirar meu distintivo antes. — Eu sou um Federal, calma aí. Eu só gostaria de saber o que vocês estão fazendo aqui, porque, até onde eu saiba, eu que morava aqui. O cara acalmou um pouco, mas a expressão confusa não saiu da face dele. — Não, senhor... Eu moro aqui com minha Esposa faz um tempo já. Essa casa é nossa, tenho até o contrato com o dono do condomínio ali. — Não, eu não duvido de vocês, calma — meio sem jeito, troquei a maleta de mão — Eu vou lá ver com ele o que é essa confusão. Só agradeceria se você abrisse a porta, pra eu não pular a janela pra sair. — A-Ah, imagina, sem problemas — ele foi lá abrir a porta, apressado até. Creio que o distintivo teve um efeito moral maior do que eu esperava. Assim que eu saí da minha casa (Ou ex-casa, como preferir chamar), eu me dirigi até a casa do dono do condomínio. Depois de bater na porta, eu conversei alguns minutos com ele, só pra descobrir que eu fui despejado por não pagar a conta de Novembro de 2013, e ela vencia de forma absoluta ontem. Faz sentido, já que eu dormi em um hotel ontem. Que belo dia esse. Aqui vão algumas anotações: 1* A minha indecisão sobre qual Prompt eu vou começar com, ou que tipo de texto eu vou usar, é tão real quanto os Illuminati. Eu vou testar um por um dos Prompts, já que eu tenho que deixar todos eles em uma ordem linear. 2* Cara, isso tá um pouco louco já. Eu vou tentar não bugar muito o cérebro e manter a linha enquanto escrevo, mas a falha que eu sei que eu tenho e que eu executo em tudo quanto é lugar é ter uma linha de raciocínio que os outros não conseguem acompanhar, e isso pode ser um pouco fatal agora. Pff. 3* Eu tô tentando também controlar a mania da falta de descrição, mas não forçar ela em tudo e todos os lugares. Ao mesmo tempo que eu não quero descrever algumas coisas pra deixar que o leitor imagine-as como ele quiser, existem outras, chave para o plot, que eu insisto em detalhar bastante. 4* Essa parte, em especial, eu tentei ser o menos redundante possível. A esse ponto eu já comecei a ter uma leve dor de cabeça com a minha própria história, e eu achei a primeira falha na ideia do meu Prompt de prisão: "Como eu vou narrar a rotina de um local onde não tem rotina"? Eu acho que eu talvez tenha falhado nesse prompt, vou tentar compensar nos outros. 5* Sério, se vocês não entenderem os trocadilhos, eu não culpo. Tem muita piada interna que eu não podia deixar passar, mas eu fiz questão de deixar umas óbvias ali. Entendam essas que não são entendíveis como "Coisa do FBI" e passem adiante. 6* Tá dando um cansaço mental do caramba escrever depois dessa parte, provavelmente porque ela requer descrições e mais pensamento/processamento que as outras. Anotação Final: Escrever isso me deu uma dor de cabeça. Ao mesmo tempo que eu tentei manter o tom do texto como uma espécie de "humor", eu não consegui me manter linear exatamente pela exaustidão mental ao escrever algo desse tamanho, já que eu tô acostumado a escrever capítulos com metade do tamanho. Provavelmente é pelo fato de eu ter já um cansaço físico quando comecei, e eu me neguei a não terminar em 1 shot só. Que droga. Algumas estatísticas desse texto: Palavras: 3.583 Palavras. Caracteres: 19.865 Caracteres. Site usado pra contar: WordCounter.net Eu usei tanto Terceira Pessoa quanto Primeira Pessoa, sempre em Narrativa. Também tentei manter o mais "linear" possível, por mais que algumas partes pareçam, por natureza, forçadas demais. Esse texto também deveria ter pelo menos o dobro das palavras, mas, pelo bem dos que vão ler esse texto, eu decidi cortar. Consequentemente, algumas partes podem parecer confusas, mas é pela falta de detalhação que eu ia fazer, ou a narração de alguma outra coisa que eu acabei por não narrar. Por último, me perdoem qualquer falha, sou só uma mente exausta que acabou de escrever esse textão. E, pros que acharam que eu não ia tentar usar os 5 prompts: Dernière modification le 1515636780000 |
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God demais |