[Concurso] Inner thoughts |
Rafaaacs « Censeur » 1516322580000
| 0 | ||
oi gente s fiz um texto s postei faltando pouco tempo p acabar eu nem pretendia postar nessa conta pq tenho vergonha mas vida q segue espero q n tenha problema o título ser em inglês coloquei na outra aba p ficar arrumadinho enois 3) Descreva a vida de um prisioneiro em um presídio que não possui nenhum guarda, mas que mesmo assim nunca registrou uma única fuga em sua longa história de existência. — A vida está nos olhos... — Repeti para mim mesmo antes de adormecer. 08:40 AM Abri os olhos e o cenário de sempre estava diante de mim. As paredes de concreto, as grades grossas com uma portinha no canto, e uma janelinha que por algum motivo, possuía um lencinho verde amarrado. Nunca dei atenção ou importância para o objeto, era sujo, e estava parcialmente rasgado, além de que por julgar sua aparência, foi roído por algum animal. Levantei-me da cama dura após cerca de quinze minutos nela, apenas remoendo as dores da vida, e em seguida fui em direção ao "refeitório", lá preparei algo rápido para comer, e apesar de não haver nenhum compromisso e ter todo o tempo do mundo, eu tinha pressa. Depois de terminar a refeição, dei um longo suspiro e coloquei a louça na pilha suja, já fazia algum tempo que não limpava o local... Voltei para minha cela, e como de costume, deitei em minha cama e passei o resto do dia ali, inquieto, sozinho e entediado; mas claro que a inquietação só estava presente em minha mente, pois meu corpo era esguio e fraco, desgastado, cansado. Então raramente fazia algum tipo de esforço. E após horas martelando ideias em minha cabeça, finalmente peguei no sono. 10:34 AM Algumas horas depois do nascer do Sol, desperto, mas com uma sensação estranha, provavelmente porque nessa noite tive sono pesado, algo raro. De olhos abertos examino o lugar, mesmo conhecendo-o muito bem; e acabo por me espantar ao notar o sumiço do lenço verde na janela, ele sempre esteve ali. Antes mesmo de sequer pensar bem sobre a situação, meus pensamentos são interrompidos por uma voz vindo da janela: — Espero que não se incomode com minha presença... não vim para atrapalhar! E sim para lhe dar escolhas. — Assim disse o pássaro que era curiosamente verde, e evidentemente sujo e machucado. De sonolento e quieto dou um salto e meu coração palpita, fazia muito tempo que não ouvia uma voz diferente dessa que está em minha cabeça... Mas logo me aquieto, e realizo que não passava de um sonho. Um sonho... O primeiro em anos. Resolvi ignorar a figura em minha janela e segui para minha rotina, saí da cela para ir ao refeitório, mas senti algo me observando no canto de uma sombra, mas quando olhei para trás não vi ninguém. Perto de chegar no local, um coelho apressado passa do meu lado olhando constantemente seu relógio, saltitando pelo corredor e resmungando. Sigo meu caminho normal, apesar de fazer ele todos os dias, sentia um grande esforço para cumpri-lo. Perdido em meus pensamentos, pela segunda vez ao dia sou interrompido, e ouço a voz do coelho dizendo "Vamos logo! Temos que ir ao refeitório! Ande mais rápido, até parece que esse urso em suas costas está pesando TANTO assim." e ao terminar sua sentença continuou saltitando e resmungando. Confuso com as palavras do coelho, olho para trás e vejo em minhas costas um urso, um bem pesado. Ouço sair de sua boca: — Ah... é. Olá, creio eu que nunca tenha me visto, mas tudo bem... Né? Uh... Continue sua rota, e não se preocupe, não sou tão falante quanto o apressadinho ali... — Por algum motivo eu aceito aquilo, parecia não importar mais, e o peso tinha que ser carregado, não é? Chegando ao refeitório me deparo com uma nova figura, um ser relativamente pequeno, nunca tinha visto um pessoalmente, era um furão. Ele estava num canto, parecia esperar alguém ao julgar seu semblante, e acabo confirmando minha teoria quando, ao notar minha presença, ele vem às pressas para meu lado. Mas, antes que pudesse começar a falar, já me adiantei: — Não está a fim de me apressar ou falar algo sem sentido? Ou até mesmo que eu te carregue por aí?! — Dei um longo suspiro após a fala, e fiquei olhando o animal, um pouco desconfortável com o fato dele olhar diretamente em meus olhos... — Se o que tenho a dizer é incômodo depende da sua interpretação, e o sentido dos dizeres também... Mas lhe prometo a verdade. — .... —Não tinha o que responder àquilo, apenas tentei me concentrar e refletir, e ainda assim não tinha resposta. Após alguns segundos naquela situação, ouço o coelho novamente, me tirando a concentração, e mesmo não gostando, estava lhe dando total atenção... Parecia ser impossível ignorá-lo. Enquanto preparava o que comer, continuei ouvindo o coelho falar sobre meus dias anteriores na prisão e também supor como seriam os próximos, infelizmente não eram bons. Depois de acabar minhas tarefas ali, voltei ao meu quarto e deitei-me em minha cama, o pássaro continuava calado e imóvel, e eu apenas deitado conversando com o coelho, que eu provavelmente deveria nomear, mas estava cansado por carregar aquele urso, e distraído com a conversa. Aos poucos meu sono chegou, todavia com a criatura falando foi difícil dormir, mesmo assim, por volta das 4:30, mesmo com dificuldade, adormeci. 02:24 PM Eu esperava acordar do sonho, mas percebi que não quando ao despertar vi o furão em meu colo, provavelmente me esperando acordar. Bocejei e me acomodei na cama, e então ficamos um instante nos olhos quando ele começou a falar: — Espero que tenha dormido bem! Sei que deve estar cheio de dúvidas, mas com o tempo elas vão se esclarecer... E pode me chamar como quiser, tem total liberdade para isso, e espero que não seja incômoda a minha presença. — An... Eh... Ok? — Eu tinha acabado de acordar, era muita coisa para minha cabeça. — Ah, também tenho algumas curiosidades, mas vou começar perguntando o motivo de você continuar dando ouvidos ao coelho que sempre está atrás de você. - Bem... — Eu também não sabia o motivo. — Acho que gosto de ter uma companhia, e também é meio inevitável, não é como se eu gostasse ou algo do tipo... Ele só está lá e eu ainda não encontrei uma maneira de me livrar dele. — Sabe, isso é bem comum na verdade! — Comum? Eu estou sozinho aqui, só tenho você e esses outros animais comigo, que na verdade não são bem uma companhia, então como exatamente pode ser comum? — Acho que está além do seu entendimento, ou talvez você só não consiga ver claramente agora, mas isso não é culpa sua... Olha, há quem diga que vemos a vida através de uma janela, nascemos com ela ali, e com o passar dos anos os traumas, decepções, memórias, vão deturpando nossa visão dela, "alterando", entende? É assim com todo mundo, e cada pessoa tem uma forma diferente de chamar esse fenômeno... Não é nada muito especial, cada um tem sua concepção, mas é basicamente viver! — Wow... Eu não esperava por essa. Vou lhe apelidar de Elsk, ouvi essa palavra em algum lugar, e lembro-me de ter um bom significado, e você me parece alguém bom — ainda estava um pouco receoso e não confiava 100% na criatura, mas até então não havia feito me mal algum. Me dei conta que já havia passado algum tempo e que eu deveria preparar algo para comer, na verdade, eu não tinha muita disposição, estava cansado como sempre e eu realmente odiava carregar aquele urso por aí, e ele mal falava comigo, só estava ali, sem ao menos me dar alguma satisfação, e pensando bem, ninguém naquele lugar me disse o porquê de estar ali, só estavam. Todos os dias era a mesma coisa, a mesma agonia, e aquele coelho já me questionou o porquê de eu nunca fugir dessa prisão, mas eu sei que é impossível, então não preciso tentar, eu estou há tanto tempo na mesma situação que acho que nem faz mais diferença para mim. Após pensar um pouco notei que o coelho voltou para meu lado, e começou a falar algumas coisas, fui fazer minhas obrigações e tentar focar nelas, mas a voz dele fala mais alto do que até mesmo a minha. — Sabe... — Enquanto eu estava sentado encarando meu prato, o furão voltou. — Existem pessoas que lutam com tudo o que tem por alguma causa, ou qualquer coisa ou pessoa... Mas às vezes, as pessoas que lutam com tudo o que tem apenas pelo desespero de não ter pelo o que lutar... É algo bom a se lembrar! — Aquilo fez algum sentido para mim, de alguma forma... Enquanto eu comia vi que o pássaro havia saído de minha cela, do lugar onde estava, ainda fraco, mas conseguia voar pelo menos. Enquanto pensava, fui interrompido por uma nova figura, não esperava mais uma companhia, e por algum motivo eu sentia calafrios ao ver ela... rastejando. Era uma cobra, e estava vindo em minha direção, mas não parecia querer me atacar, porém seus olhos eram profundos e escuros, meu coração batia mais forte a cada centímetro de aproximação, entretanto quando estava bem próxima de mim não fez absolutamente nada. Fiquei um tempo calado e engoli seco, e ouvi pela primeira vez a sua voz: — Acho que você não me conhece ainda, não é mesmo Noah? Sei que ao passar dos dias percebeu minha presença, mas fingia não me ver, não estou certo? — Como você... Ah, era você ontem? E... Eu estou confuso, quem seria você exatamente? — Ora, o dono desse lugar! Como você espera que tudo isso funcione? Eu estou sempre no comando, os animais que vê estão sob a minha ordem, tudo funciona graças à mim. — E porque isso seria algo... bom? — Estava meio duvidoso, e com certeza confuso, muito confuso. — É porque realmente não é algo bom, não se permita deixar levar, todos os dias ele lhe diz que está no comando daqui, pode não ser verbalmente, mas com certeza diz. Mas Noah, eu quero lhe contar a verdade, e você está no comando daqui, pode achar que não, mas acredito, e tenho certeza, que está. — Vocês falam como se eu conhecesse vocês há dias, mas eu tenho certeza de que foi ontem que esse sonho começou, animais falando comigo, toda essa confusão, esses dois dias estão sendo uma eternidade para mim, e eu só queria acordar! — Estava um pouco bravo, minha mente uma confusão, tantas vozes falando, diferentes opiniões, aquilo era no mínimo frustrante. — Noah, nós não estamos aqui há dois dias. Acho que não se deu conta, mas em todos os dias estivemos aqui... Pode não ter noção, não se lembrar, mas é verdade, e você não está sonhando, pode pensar nisso, mas é uma forma sua de aceitar os fatos. Mas essa é a sua realidade, você só tem que aceitá-la. — Elsk disse isso olhando em meus olhos, e mesmo um pouco relutante, eu sabia que era verdade. Eu só não compreendia, e eu odeio não compreender as coisas. Mesmo com todos ainda falando, o coelho, a cobra, e com o urso em minhas costas, eu tive um momento de transe, de pausa, era como pensar em nada, e em tudo ao mesmo tempo. ... — Noah... Noah... NOAH! — batendo na porta de minha casa estava FODASE, PUTA MERDA para ser mais específico, meio impaciente, porém preocupada. Foi meio difícil levantar da cama, mas eu não podia deixá-la plantada lá fora, seria falta de educação, não que eu me importasse tanto assim, não tinha muito a perder, alguns segundos depois levanto, com dor de cabeça, e enfim atendo a porta. No mesmo instante recebo um abraço, fico meio assustado, não estava esperando aquilo. Por algum motivo eu queria chorar, não de tristeza ou felicidade, eu não sabia o porquê, mas queria. Não compreendo bem meus sentimentos ou a razão deles estarem ali, eu vivo meio no automático e tudo o que sinto diferente do grande vazio de cada dia são apenas reações, emoções rápidas e sem profundidade alguma, e aquilo sim era como uma prisão para mim, esse estado em que me encontro. — Eu senti sua falta... Não atendeu minhas ligações, não apareceu mais no trabalho, mesmo que pense que não, você faz uma baita de uma falta naquele lugar! E tamb... Meu deus, esse lugar está uma bagunça, qual foi a última vez que você arrumou aqui? Sabe que pode sempre contar comigo rapaz! — Ficamos mais algum tempo abraçados, ela era uma amiga de longa data, sempre foi muito boa para comigo... — Você tem ido ao psicólogo? Sabe que pode me chamar sempre que quiser, eu vou sempre estar ao seu lado, espero que se lembre disso.... E... Vou deixar você um tempo sozinho para pensar à respeito, mais tarde eu vou te ligar, tudo bem? — Tudo bem... Obrigada pela visita, Bia, é um colírio nos olhos te ver. — Não foi nada... — Fechei a porta e pela janela vi a imagem de VAI TOMAR NO CU diminuindo ao tomar distância, dei um suspiro e voltei para minha cama, meus pensamentos ainda estavam embaralhados, uma verdadeira confusão. Consegui tirar um cochilo depois de algumas horas, também chorei naquela tarde, e a maioria dos meus dias eram a mesma coisa... Ansiedade, procrastinação, e mais alguns demônios interiores que não nomeei, e nem pretendo. Mas apesar disso ainda havia um pouco de esperança dentro de mim, mesmo que eu a compare com um pano rasgado, ou um pássaro que outrora voava livre, mas agora estava abatido... Ela permanece ali, sempre. E não, eu ainda não estou livre dessa “prisão”, mas a cada dia tomo um pouco mais de consciência na minha mente, dos meus sentimentos, vontades, e vou aprendendo a lidar com as coisas, acho que no final das contas... Isso faz parte de viver. Dernière modification le 1542296160000 |