Uma primeira conversa

Olá! Sua chegada é motivo de alegria, sabia? Peço para que fique, apesar de tudo. Você já se perguntou como iniciar uma história? É, eu também. Há quem diga que o melhor método é começar pelo início, mas você bem sabe que nem todas as histórias começam assim. Ou, se começam, esse início implicou antes em um fim. Seja em uma grande explosão ou em um grande sopro, uma criação implica antes em um desmonte.

Ei! Não vá se perder na leitura ainda, está bem? Vou tentar exemplificar. Um chef gastronômico faz mágica na cozinha: corta, destrói, repõe, tritura, acrescenta e transforma o alimento na criação de um prato; ele precisa estabelecer um fim ao igrediente para formular uma receita. Outro exemplo é o processo de formação de um osso, cujas células da cartilagem inicial morrem para serem substituídas por osteoblastos e criar um osso novinho em folha. Até mesmo as máquinas com suas linguagens de 0 e 1 reconhecem o final de uma tarefa para o início de outra.

Apesar disso, peço para que não compreenda como algo cíclico, até porque fica difícil estabelecer uma forma para situações como essa. Talvez tenha forma de espirais ou de anéis no tronco de uma árvore, mas não sei se podemos afirmar com plena certeza. Apenas sei que há caminhos tão amplos e diversos, os quais não podemos esquecer, entre uma ponta e outra. E não vá pensar que eu esteja falando que não precisamos de limites, sei que precisamos sim.

Difícil manter uma conversa, não é? Você está aqui ainda? Espero que sim. Vou tentar falar um pouco mais da história agora.

Existe um lugar, não muito longe daqui, chamado Aurantia. Não me pergunte o porquê da escolha desse nome, provavelmente o autor tenha associado com a cor laranja, ou mais possivelmente tenha sido a aura no termo que tenha chamado a atenção. Também não me pergunte onde é aqui, pois isso vai depender de onde você esteja. Em Aurantia, pessoas vivem em harmonia com seres que desconhecemos ainda, mas que não são muito diferentes em realidade. O cartão-postal fica por conta da praça Donare, com seus altos fios carregados de eletricidade tocando o céu à medida que se curva a altas vegetações. A noite é predominante, e as estações se alteram a cada semana de modo muito flexível. Uma das principais bases do Projeto ECO, a cidade é administrada pela Doutora Horize Panoll, representando pessoalmente a gigante multinacional Fenestra. E como vivenciamos os conflitos em narrativas, a cidade começa a demonstrar suas falhas de modo mais acentuado após a chegada de um novo ser ao local.