— Por que você não se trata? Se não vai acabar que nem eu.

— Mas eu me trato. E como assim que nem você?

— Ah, é uma longa história. Desperdício escutar para alguém tão superior como você, não é?

— Você compra isso em qualquer farmácia. É barato. Você não tem dinheiro?

— Se fosse dinheiro eu provavelmente nem teria fugido da casa dos meus pais quando eu tinha 14 anos. E nem moraria em hotéis, trocando a cada duas semanas.

— Problemas familiares ou te forçavam radicalmente a usar contra sua vontade? Se quiser eu compro um broncodilatador. É bem de boa. Dependendo do grau você escolhe a marca.

— Porra, que susto que você me deu. Achei que era inútil.
— Enfim, respondendo a sua pergunta... na verdade, más-influências.
— É... eu estou mais aliviado.

- Eu seria inútil por não saber o nome do remédio que eu uso..?

— N-não é isso! Deixa pra lá...

- Agora que você começou, termina.

— Você não tem medo de andar com qualquer um na rua?

- Eu conheço esse lugar. Mas eu mal ando na rua nos últimos tempos.

— Não tem medo de alguém te esfaquear por trás ou te sequestrar?

Ele colocou a mão no queixo.
- Olha, pelo o que eu me lembre isso já aconteceu.

— Uh, como foi?

- Eu era meio novo. Não lembro direito.

— E como você ainda tá vivo? Se importaram mesmo com você?

- Eles queriam dinheiro. Não faria sentido me matarem se só ganhariam dinheiro me libertando.

— Eu pegava e matava depois.

- Por que você ao menos se esforçaria em fazer isso? Não faz sentido.